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Vigor econômico aproxima biotecnologia e produtor

Genética | 31 de Maio de 2011
Melhoramento genético ganha escala comercial depois do aumento de 37% no preço do boi gordo registrado no ano passado.

Seja por questões de sustentabilidade ou pela valorização das terras, expandir as pastagens é algo cada vez mais longe da realidade do produtor. A saída é melhorar então a produtividade, o que depende de investimentos.
No Brasil, desde o ano passado, as condições para desembolso maior em busca de melhor produção estão mais favoráveis. Com o aumento do preço do boi, as empresas que desenvolvem melhoramento genético vivem uma fase de bons negócios.
A Intervet Schering-Plough, por exemplo, lançou neste mês uma tecnologia que identifica, no DNA do animal, cinco características comercialmente interessantes para o gado de corte. Para raças europeias, a tecnologia já existe no mercado, mas a empresa optou pela raça nelore, de origem indiana que responde por cerca de 80% do rebanho nacional.
Os chamados marcadores moleculares permitem detectar as melhores probabilidades de ganho de peso, quantidade de carne, quantidade de gordura, fertilidade, e até mesmo o temperamento do boi.

“O Brasil está entrando em uma era irreversível de maior técnica”, diz Sebastião Faria, gerente técnico da Intervet. Segundo ele, a detecção de genes de docilidade foi sugestão de frigoríficos, para reduzir perdas durante transporte e abate. 

A empresa tinha a tecnologia de marcação genética desde o ano passado, mas só para docilidade. Ao incorporar outras características, o produto tornou-se comercializável, e a Intervet fechou acordo com a Associação dos Criadores de Nelore do Brasil para vender o serviço a mais de 1,1 mil clientes este ano.
Sem essa tecnologia, mesmo para um bovino adulto, leva cerca de 5 anos para detectar as características do animal.
A análise de DNA auxilia o trabalho dos selecionadores, profissionais que determinam o destino do gado e também é usada por criadores de touro. “Em um leilão, um touro certificado tem maior valor”, diz Faria.
Para a pesquisa, a empresa investiu mais de US$ 12 milhões em parceria com a brasileira Genoa e com uma universidade canadense, na decodificação do genoma do nelore.
A empresa também quer usar a tecnologia para selecionar touros para produção de sêmen para inseminação.
Na produção de bezerros, a escolha dos touros e a inseminação artificial continuam sendo as ferramentas mais importantes de melhoramento genético à disposição do produtor, devido ao baixo custo. Uma palheta de sêmen custa cerca de R$ 15. Elas têm sido o principal responsável pelo aumento de produtividade da pecuária.
“No passado, a criação do boi do nascimento até o abate demorava cinco anos, hoje o tempo médio é de três anos”, diz Antônio Rosa, pesquisador da Embrapa. “Se o mercado quiser pagar, é possível engordar um boi em 12 meses.”
A Embrapa possui uma tecnologia parecida coma desenvolvida pela iniciativa privada. Para o gado nelore, são três marcadores: para quantidade de carne, maciez e ganho de peso.
A agência está em fase de busca de parceiros para comercializar o produto, e a previsão é que ele esteja no mercado no próximo ano.

“Acredito que nos programas de melhoramento de raças, os marcadores serão rapidamente incorporados”, diz a pesquisadora Luciana Regitano. “A tendência do custo é cair, porque a tecnologia é bem sensível à escala.”

Também buscando esse mercado, a Agropecuária Jacarezinho, do grupo Grendene, deve concluir no ano que vem o mapeamento genético do gado nelore, em parceria coma Universidade Estadual Paulista. 

“Mais importante do que o mapeamento, nosso banco de dados vai aumentar a precisão da análise”, diz Ian David Hill, diretor da empresa. “Isso beneficia não só o criador de touro, mas se reflete até em uma carne mais macia na gôndola.”

Tecnologia tradicional

A tecnologia de análise do DNA não deve substituir o método tradicional de acompanhar a genética: a observação e o estudo do rebanho e dos descendentes.
Mesmo com a garantia de que o touro possui um material genético favorável, apenas ao ver o desempenho do boi no pasto é possível confirmar o resultado.
"Essa técnica não é a solução de todos os problemas", diz Rosa. "A integração do animal no meio ambiente é muito importante." 

BRASIL ECONOMICO 31/5/2011
Felipe Peroni
   (fperoni@brasileconomico.com.br) 

Agropecuária Jacarezinho destaca-se em projeto pioneiro que tornará realidade a DEP Genômica no Nelore 

A Agropecuária Jacarezinho, em Valparaíso (SP) engaja-se em um projeto novo de pesquisa ligado ao desenvolvimento da biotecnologia molecular, visto como um dos mais audaciosos e impactantes trabalhos já conduzidos no setor de pecuária de corte mundial.
Resultado de uma parceria inédita entre a Conexão Delta G, Unesp – Araçatuba (SP), USDA-EUA e DeoXi Biotecnologia – empresa responsável pela operacionalização das amostras e administração dos dados coletados de DNA – o projeto consistirá fundamentalmente em reunir as informações de desempenho mensuráveis do rebanho expressas por meio das DEP’s quantitativas com a informação genômica, ou seja, o real potencial de expressão genética do animal segundo o mapeamento do seu DNA.
Segundo Ian David Hill, diretor da Agropecuária Jacarezinho, o objetivo é gerar informações também em DEP’s, porém de maneira muito mais consistente e acurada. “Para isso serão utilizados recursos biotecnológicos já conhecidos como o painel de SNPs (Single Nucleotyde Polymorphism) para identificação dos marcadores moleculares, porém, esta é somente uma das ferramentas para se atingir os resultados posteriores e mais impactantes”, destaca.
A tecnologia permitirá a identificação dos animais que se sobressairão nas avaliações, antes que eles possam gerar os seus produtos, filhos e filhas avaliados. “De maneira prática, podemos dizer que economizaremos 4 ou 5 anos na busca pelos animais mais produtivos”, cita Ian Hill que também chama atenção para o fato de que o futuro sistema de avaliação não anulará ou inutilizará o sistema tradicional de avaliação quantitativa para obtenção das DEPs.
“O novo sistema funcionará muito mais para confirmar as informações, atuando de forma sinérgica e vindo então a complementar e otimizar os ganhos genéticos, fazendo com que eles ocorram em muito menos tempo. Os animais com determinados genes que interessam no melhoramento passarão a ser mensurados dentro desse novo programa e identificados muito mais jovens, acelerando todo o processo de ganho genético e aprimorando a tradicional genética quantitativa de populações”, explica o diretor da Jacarezinho.
De acordo com Daniel Biluca, diretor executivo da Conexão Delta G, a junção de todos os associados faz com que a empresa tenha o maior rebanho zebuíno interligado no mundo. “Portanto nada mais coerente do que nosso plantel ser à base do programa. Os testes nos animais estão sendo animadores, tanto que as primeiras validações já acontecem ainda em 2011”, esclarece.
“Estamos firmemente engajados neste projeto e acreditamos que essa tecnologia irá revolucionar o nosso programa de melhoramento genético, possibilitando a aceleração de ganhos genéticos e incremento consideráveis de produtividade. Sem dúvida, o projeto contribuirá efetivamente para produção de proteína animal do País”, conclui Luiz Fernando Boveda, responsável técnico e gerente de pecuária da Agropecuária Jacarezinho. 

(Portal do Agronegócio/MG - 30/05/2011)




A tecnologia de análise do DNA não deve substituir o método tradicional de acompanhar a genética: a observação do rebanho

Foto: Divulgação/Assessoria