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Touro: .... lindo e.... gordo!

Genética, Mercado | 07 de Julho de 2014


A apresentação dos touros para comercialização é basicamente composta de três características: o desenvolvimento (tamanho), peso e preparo (gordura). A combinação destas características tem alto impacto no valor de venda e na funcionalidade destes animais. No segundo semestre do ano concentram-se a maioria das vendas de reprodutores no Brasil e a revisão deste assunto é apropriada para quem compra ou vende touros.

O sobrepeso e o excesso de gordura nos touros levam a uma série de prejuízos na funcionalidade e também em sua vida útil. Os problemas decorrentes desta situação são os mais diversos e os mais frequentes são os relacionados aos cascos, articulações, problemas digestivos e de qualidade seminal. O condicionamento físico (ou capacidade de percorrer longas distâncias em um dia) também é prejudicado pelo sobrepeso. Independente de qual dificuldade o touro enfrenta, o que ocorre invariavelmente é a menor taxa de prenhez ao final da estação de monta. Sendo a eficiência reprodutiva a característica de maior impacto econômico nos rebanhos de cria, não há como desconsiderarmos que o “nível de preparo” dos touros é um tema que merece nossa atenção.

Se por um lado o excesso de gordura traz a possibilidade de uma série de problemas aos touros, esta também se justifica em parte como característica de “reserva de energia” para o período de serviço, pois os animais enfrentarão condições alimentares diferentes e normalmente inferiores às vividas até o momento, necessitarão energia extra para “trabalharem” no rebanho (caminhando na busca de vacas em cio e realizando as coberturas), e ainda estarão em período de crescimento para os touros de 2 anos ou menos. Entenda-se então que a gordura nos reprodutores não é somente problema, mas também parte da solução.

Assim como temos touros com sobrepeso e excesso de gordura no mercado na outra ponta também são oferecidos touros chamados de “comerciais” ou no “limite inferior” de apresentação. Estes animais são normalmente comercializados com pouco peso para sua idade por valores mais acessíveis, porém podem se tornar o famoso “barato que sai caro”, pois são touros com poucas reservas de energia para a estação de monta e com maior possibilidade de atingirem a exaustão ou fadiga durante o período reprodutivo e assim trabalharem menos ou não trabalharem por alguns dias. O crescimento destes touros até os 3 anos também é comprometido.

Se formos agrupar os touros em relação à sua apresentação podemos chegar a três categorias bem definidas:

a) Touros com sobrepeso e excesso de gordura (obesidade).
- animais que receberam elevados níveis de concentrado (ração) ao longo da vida ou no período prévio a comercialização. Ex: touros Angus com mais de 750-800 kgs aos 2 anos, ou mais de 900 kgs aos 3 anos. Além do peso elevado estes animais estão com altos níveis de deposição de gordura.

b) Touros com bom desenvolvimento e peso, porém sem sobrepeso e sem excesso de gordura (equilíbrio)
- animais com bons ganhos de peso até os 2 anos, porém com baixo uso de suplementação; Ex: touros Angus entre 600 a 700 kgs aos 2 anos, ou aprox. 800 kgs aos 3 anos;

c) Touros com subdesenvolvimento e consequente falta de peso para idade (fome)
- animais com baixos ganhos de peso ou períodos de restrição alimentar importantes até os 2 anos. Ex: touros Angus com aproximadamente 500 kgs ou menos aos 2 anos.  

 

Os touros mais úteis estão na categoria “b” e “a” nesta ordem. Em raras situações os touros do grupo “c” são recomendáveis, pois além das questões de limitação nutricional na maioria das vezes são os animais com genética inferior. Alguns produtores que ofertam estes animais (grupo “c”) justificam que são animais com maior “rusticidade” e de mais fácil manejo, mas a realidade é que estes animais são um produto inferior no mercado de reprodutores.

MERCADO E EXPOSIÇÕES: INDUTORES DE MUDANÇAS E DE CONFUSÃO

Os produtores de touros ou cabanheiros (como chamamos no sul do Brasil) entendem e conhecem bem esta situação, porém o mercado os direciona a oferecer cada vez touros mais pesados, pois estes animais são disputados e alcançam os maiores valores nos leilões.  Já dizia o causo antigo que ao passar um cavalo por um cego alguém comentava “que cavalo lindo” e o ceguinho arrematava “e gordo!”. Desde sempre a beleza é relacionada a gordura nos animais.

Em um setor cada vez mais competitivo e com muitas novas fazendas promovendo leilões de reprodutores a corrida é por ofertar touros com melhor “apresentação”. Porém, a lógica de que o mercado é soberano nesta situação leva a resultados de curto prazo, pois em muitas situações o comprador não terá satisfação com o produto adquirido e poderá migrar para outro fornecedor. Pode-se pensar que o comprador tem responsabilidade sobre a suas decisões de compra e tipo de touro que elege, porém está entre as funções de um bom plantel buscar bons resultados para seus clientes e também de orientar o mercado do que é mais ou menos produtivo.

A situação exposta neste texto não é nova e vem se agravando a cada ano. Em um passado recente (menos de 15 anos), touros de raças Britânicas ou Sintéticos (Angus, Hereford, Brangus e Braford) eram ofertados com 500 kgs ao 2 anos, depois passaram para os 600, agora já superam os 700, e em não são incomuns leilões com animais com 800 kgs ou mais. Parece que o céu é o limite. As exposições não ajudam muito neste assunto, pois tem a mesma lógica de quanto mais pesado melhor. Na Argentina tornaram-se populares as exposições chamadas “Nacionais de Terneiros” onde competem somente animais jovens. Os tourinhos são muito exigidos para alcançarem altos ganhos de peso e assim surge mais uma modalidade que prejudica a funcionalidade e longevidade produtiva dos animais.

O tema não é simples, pois o mercado remunera e valoriza, neste momento, o que não necessariamente é o melhor para o cliente. Entendo que cabe aos envolvidos com a produção e comercialização de reprodutores continuamente bem informar e orientar o mercado sobre as características de real impacto produtivo aos pecuaristas: rebanhos com programas de seleção sérios, animais com conformação superior, correção estrutural, índices técnicos, DEPs, Marcadores Molculares, Ultrassonografia de carcaça, etc. Mais uma vez a informação é grande parte do trabalho e da resolução de nossos problemas. Com a chegada dos leilões neste segundo semestre avalie os “gordinhos” com outro olhar. 


Por Fernando Furtado Velloso 

Publicado na Coluna Do Pasto ao Prato (Revista AG, Julho 2014) 

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