As etapas do teste, de forma resumida, são as seguintes:
Os itens a, b e c já foram realizados nesta primavera e chegamos à seleção de seis touros Angus, sendo cinco pretos e um vermelho. Essa diferença no número de animais pretos e vermelhos não se deve à qualidade dos animais, mas, sim, à maior demanda por genética de animais pretos pelo mercado de inseminação artificial.
Os touros listados são os animais selecionados para o Teste de Progênie Angus 2015.
TAT | AFIXO | REGISTRO | PEL | APELIDO DO PAI | PN | GND | Pm DESM | INDICE | GDS | GNS | Pm SOBR | PE | INDICE | |||||||||||
TOURO | TOURO | DEP | D | DEP | D | DEP | D | DESM | D | DEP | D | DEP | D | DEP | D | DEP | D | FINAL | D | |||||
1 | 12 | 761 | SANTO ANTÃO | O167465 | P | SANTO ANTAO NET T | - | 4,08 | 1 | - | 22,0 | 1 | 5,93 | 1 | 10,01 | 1 | 0,04 | 8 | 0,41 | 1 | 24,3 | 1 | ||
2 | 16 | 5584 | TRADIÇÃO AZUL | O171700 | V | SAKIC | - | 7,10 | 1 | - | 25,6 | 1 | 4,42 | 1 | 11,52 | 1 | -0,10 | 1 | - | 23,8 | 1 | |||
3 | 20 | 1693TE | SÃO XAVIER | O184509 | P | NET WORTH | 0,81 | 0 | 7,93 | 1 | - | 26,8 | 1 | 5,05 | 1 | 12,97 | 1 | -0,11 | 1 | 0,27 | 2 | 23,2 | 1 | |
4 | 34 | TE1096 | RIO DA PAZ | O171120 | P | DENSITY | 0,61 | 0 | 6,10 | 1 | -0,10 | 1 | 23,1 | 1 | 4,36 | 1 | 10,45 | 1 | -0,05 | 3 | 0,41 | 1 | 22,0 | 1 |
5 | 45 | 2028 | TRADIÇÃO | C372896 | P | NET WORTH | - | 3,55 | 1 | - | 21,0 | 1 | 3,91 | 1 | 7,46 | 1 | - | 0,51 | 1 | 21,0 | 1 | |||
6 | 56 | 3845 | CANTAGALO | O169670 | P | NET WORTH | - | 4,91 | 1 | -0,02 | 4 | 22,5 | 1 | 2,56 | 1 | 7,47 | 1 | -0,01 | 5 | 0,50 | 1 | 20,2 | 1 |
Algumas considerações podem ser feitas com o término dessa etapa do trabalho:
TESTE 2007 x TESTE 2015
A primeira edição do Teste de Progênie Angus ocorreu em 2007 e é visível o avanço nos sistemas de produção de lá para cá. Em 2007, a maioria dos touros era preparada para venda com três anos de idade. Dessa forma, os touros jovens (dois anos) revisados como candidatos ao teste eram muito leves e com apresentação muito aquém para fins comerciais, e, especialmente, para venda de sêmen. Raros eram os touros de dois anos com bom peso e desenvolvimento. Em 2015, o cenário é totalmente distinto e a maior parte dos animais candidatos ao teste está com muito bom peso (acima de 650 - 700 kg) e com muito bom apelo comercial. Dessa forma, o teste passou a ser uma ótima ferramenta até para captação de touros doadores de sêmen para uso imediato.
REBANHOS NOVOS
Na revisão dos animais candidatos ao Teste 2015 estavam presentes criadores que podemos considerar “novos”, com cinco, dez ou 20 anos de criação, o que, em bovinos de corte, ainda é pouco tempo. A presença desses rebanhos mostra-nos que somente tradição (50 ou mais anos de criação) não é suficiente para produzir animais superiores.
Na listagem dos 100 Touros Jovens SA figuram vários afixos menos conhecidos e até aparecem pouco ou não aparecem afixos renomados. Vejo esse fato como positivo
e estimulante aos novos criadores, pois há grande possiblidade de novos projetos rapidamente produzirem touros geneticamente superiores e com demanda por um mercado
diferenciado.
TOUROS DE EXPOSIÇÕES
Um dos touros selecionados para o teste, o TRADIÇÃO 2028, integrou o Trio Grande Campeão PC da Exposição Nacional de Rústicos (Expointer 2015). Ele também foi escolhido como o Melhor Touro PC da exposição. Se fosse rotina escolher o Supremo Campeão, comparando PC e PO, haveria boa chance de também vencer, pois é um animal de exceção, daqueles considerados quase unanimidade entre os criadores. Comento essa questão para demonstrar que é possível conciliar ótimos índices com muito boa conformação. De outra parte, que é possível participar de programas de melhoramento genético e de exposições de rústicos. O mesmo se torna bastante difícil ou de baixo valor no caso de animais de elite/argola.
BOM REBANHO É FEITO DE BOAS MÃES
Outro exemplo prático desse trabalho foi o caso do touro RIO DA PAZ 1096. Esse reprodutor selecionado para o teste de progênie é filho da Vaca nº1 no Sumário 2015 (Vacas Líderes), ou seja, sua mãe tem produzido touros superiores na avaliação genética (fábrica de touros Dupla Marca). Pode parecer redundância, mas um plantel de qualidade é diferenciado por boas matrizes, pois os touros estão disponíveis para todos os rebanhos.
NACIONAIS E IMPORTADOS
Ainda é baixo o uso de touros nacionais nos rebanhos registrados da raça Angus. No final da seleção dos touros ficamos somente com um filho de pai nacional, o SANTO ANTÃO761, filho de um touro “crioulo” da seleção da Cabanha Santo Antão. Os demais são todos filhos de importados, americanos na totalidade, em 2015. Em recente artigo neste espaço demonstrei que os touros nacionais estão muito bem ranqueados no Sumário deTouros Promebo e com índices iguais ou superiores aos mais importantes pais importados. Faz sentido, pois estamos selecionando do pool genético disponível (brasileiros, americanos, canadenses, argentinos, etc.) os animais com melhor desempenho e adaptação ao nosso meio.
Os touros selecionados para o Teste de Progênie 2015 representam o trabalho bem feito de muitos criadores de Angus. Os poucos que credenciaram seus animais e os muitos
que fazem boa seleção nos seus plantéis e participam ativamente do programa de melhoramento genético. A próxima etapa é maximizarmos o uso em rebanhos controlados e comerciais. Com os resultados da produção, conheceremos os acertos e ajustes necessários. Assim construiremos a verdadeira genética brasileira.
Causos: Recentemente estive em uma exposição no interior do RS. Um produtor me comentou que estava passando as rédeas do seu Núcleo Regional de Criadores para um
jovem, pois a renovação era necessária. Brinquei com ele que estava tudo muito certo, pois o touro jovem é o melhor recurso genético disponível. Ele me retrucou dizendo que só há touro jovem porque existem ou existiram bons touros velhos. Fim de discussão e seguimos para provar o assado. Que bom quando existe renovação, avanço, visão progressista. Que bom quando o touro velho nos auxilia e dá o lado para entrar em campo o touro jovem.
* Publicado na Revista AG, Coluna do Pasto ao Prato (Edição Novembro/2015) - baixe a versão PDF aqui