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Projeto de plantéis: aquisição de matrizes ou Transferência de Embriões?

Informação | 20 de Dezembro de 2015
Por Fernando Furtado Velloso (Assessoria Agropecuária)
 

Uma questão frequente e sempre discutida com pecuaristas que ingressam no segmento de reprodutores é a seguinte: como formar um plantel de seleção? Através da aquisição de matrizes selecionadas ou através de Transferência de Embriões (TE/FIV)? Ainda na alternativa para formar o rebanho com embriões, temos duas possibilidades, com a compra de embriões/prenhezes ou pela aquisição de fêmeas para uso como doadoras de embriões. Recentemente um amigo e colega me sugeriu abordar esse assunto neste espaço e assim tentarei. 

O exemplo do quadro mostra que em quatro anos é possível fazer um rebanho três vezes maior com a aquisição de matrizes prenhes do que com a compra de embriões.
Não se fazem necessários maiores ajustes e cálculos mais complexos, considerando taxas de prenhez, perdas estimadas, descartes, etc., pois as correções seriam as mesmas nas duas situações, gerando ao final a mesma proporção. Deve-se levar em conta também que nas primeiras três gerações nascidas não ocorrerá venda de nenhuma fêmea, pois todas estão sendo retidas para a formação do rebanho com o porte desejado (200, 300, 500 fêmeas, etc.).

Algumas questões de devem ser (bem) consideradas na discussão do método para formar o plantel:

T e m p o
A aquisição de matrizes prenhes é a via mais rápida de se formar um rebanho de produção de genética, conforme demonstrado no quadro. Se fizer opção pela Transferência de Embriões, essa questão deve estar bem clara, pois o processo será lento ou deverá ser combinado com a formação de um plantel também através da aquisição de fêmeas prenhes, novilhas, etc. Além da questão da diferença na expectativa de evolução do rebanho, é necessário levar em conta que a previsibilidade da reprodução de um rebanho em um sistema de reprodução convencional (inseminação e monta natural) é bem maior do que um rebanho sendo construído somente com Transferência de Embriões, pois as variações de resultados, nessa segunda,são bem maiores.

G e n é t i c a
Na maioria das vezes, a qualidade da genética de bovinos obtida através de embriões deverá ser superior à das matrizes disponíveis no mercado. Considerando que os criadores coletam embriões das melhores matrizes, é bastante lógico pensar que a qualidade seja superior nesses animais “mais selecionados” do que naqueles que vão à venda anualmente nos leilões de produção ou nas vendas particulares. O princípio está correto, porém, os critérios adotados pelos criadores para definirem as doadoras são muito variados, pois a qualificação de “superioridade genética” muda grandemente entre os selecionadores. Para alguns, será somente o fenótipo (tipo); para outros, as premiações (exposições), a família (linhagem/genealogia) ou a progênie (produção). Esaa situação nos faz entender o quanto é importante conhecer o rebanho de onde se buscarão os tais embriões e compreender claramente os critérios adotados por esse rebanho para definir as doadoras, as fábricas de embriões.

A opção de aquisição de doadoras top parece ser a preferida de muitos novos investidores, pois esses estão entusiasmados e querem de alguma forma “atalhar” o caminho, mesmo
que para isso sejam necessários investimentos mais pesados. A grande dificuldade é a identificação de verdadeiras doadoras superiores, pois os critérios de definição de que matrizes serão doadoras variam muito de rebanho para rebanho e, assim, os resultados na produção são muito variados.

O mesmíssimo conceito serve para a possível importação de embriões de outros países. Na raça Angus, é bem frequente a importação de embriões dos Estados Unidos, do Canadá, da Argentina e do Uruguai. Nesses casos, ganha-se em diferenciação do produto e pode se perder no potencial de adaptação dos animais, pois foram selecionados em ambientes bem distintos dos nossos. 

E t a p a  2
O rebanho deve ser formado e chegar à dimensão desejada (em número de matrizes) o mais breve possível, porque somente após esse número ser alcançado é que, de fato, iniciaremos o trabalho de seleção e de aplicação dos critérios de seleção definidos pelo programa, ou seja, quais animais permanecerão no rebanho e quais serão descartados. Entramos, então, na “Etapa 2”, no trabalho propriamente dito do selecionador. Observo que muitos acabam não ingressando verdadeiramente nessa fase, pois muitas vezes se desfazem das fêmeas jovens na ânsia de ingressar no mercado antes da formação do rebanho desejado ou seguem indefinidamente coletando embriões de suas “melhores” matrizes e o verdadeiro rebanho em produção não chega a termo. Ou seja, não se forma um rebanho de matrizes em condições padronizadas e reais de produção para serem comparadas
em condições apropriadas. 

Para concluir e tentar dar um desfecho ao tema, deixo a seguinte recomendação àqueles que estão avaliando este assunto de formação de um plantel: apure-se! Defina o plano
para formar o plantel da dimensão desejada, pois o trabalho de fato somente começará quando iniciar a citada “Etapa 2”, ou seja, quando um rebanho em produção estiver estabilizado e produzido em condições comparáveis. 

Parafraseando parcialmente um amigo: o melhor momento para formar um rebanho de seleção foi há 50 anos e o segundo melhor é hoje. 

* Publicado na Revista AG, Coluna do Pasto ao Prato (Edição Dezembro 2015)

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