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DBO: Taxa de prenhez de 90%: sonho ou realidade?

Informação | 20 de Janeiro de 2016

Para especialista, avanço genético do rebanho brasileiro passa por descarte técnico radical das matrizes com garantia de reposição

Foi-se o tempo em que o pecuarista devia ficar satisfeito com taxas de prenhez que garantissem a reposição do rebanho. “No passado, emprenhar a vaca era o desafio; depois chegamos ao estágio de querer emprenhar mais. Agora o momento é de emprenhar além do que já se faz para promover o descarte voluntário”, diz José Luiz Vasconcelos, médico veterinário e professor da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Unesp-Botucatu.

E o que é descarte voluntário? É poder escolher os melhores animais, e não os melhores dentre os piores. “Isso se faz com altas taxas de prenhez, que permitam descartar mais do que fêmeas vazias”, afirma Vasconcelos.

Hoje, o primeiro critério para descarte de matrizes é a fertilidade: “Veio a estação de monta. Foi feito o toque? Está vazia? Descarto”. Depois, são levados em conta outros indicadores: idade da vaca, tipo físico e peso do bezerro na desmama são alguns deles. Todos necessários para que haja melhoramento genético do rebanho. Um cálculo simples ajuda a entender essa equação: “Vamos supor que eu estabeleça taxa de reposição de 20%. Com taxa de prenhez de 80% não vou ter folga para fazer o descarte voluntário. Mas se atingir 90% sim”, exemplifica José Luiz.

A busca pela excelência

Imagine então uma fazenda com plantel de 1.000 vacas. No primeiro cenário proposto pelo professor, de taxa de prenhez de 80%, teríamos 800 vacas prenhas ao final da estação de monta, o que deixa o produtor com descarte de 200 animais pelo critério de infertilidade. Considerando uma perda embrionária de 5% e mortalidade até a desmama de 5%, após um ano do parto haveria em torno de 700 animais – 350 fêmeas e 350 machos.

Como fica a reposição nesse caso se de início tínhamos 1.000 vacas, sendo necessário repor duzentas que foram para o abate por estarem vazias? Restam poucos animais para trocar pelas matrizes mais velhas, sem aprumo, que desmamaram bezerro leve, produziram pouco leite ou abandonaram as crias. Subtraídas as novilhas inaptas para reprodução na estação de monta seguinte ou as pernaltas, por exemplo, sobram menos fêmeas ainda.  

Em um segundo cenário, de taxa de prenhez de 90%, a situação muda. Das 1.000 vacas, 900 emprenhariam, e mesmo com perda embrionária de 5% e mortalidade infantil de 2% (considerando que falamos de uma fazenda de alto desempenho), ao final da desmama o produtor teria pelo menos 420 bezerros e 420 novilhas. Nesse caso, animais suficientes para fazer um descarte e reposição radicais.

A implicação dessa prática para estações de monta subsequentes é assunto para outra reportagem. 

Fonte: Portal DBO, por Marina Salles