Por Fernando Furtado Velloso
Assessoria Agropecuária FFVelloso & Dimas Rocha
Para a boa eficiência reprodutiva dos rebanhos de corte precisamos emprenhar a vaca no máximo até 85 dias pós-parto, assim manteremos o intervalo entre partos limitado a 12 meses, produzindo então 01 bezerro/vaca/ano dentro da estação reprodutiva.
Nos EUA, os rebanhos de cria tem alta eficiência reprodutiva, pois as matrizes são mantidas com ótima condição corporal o ano todo, sendo possível ter altas taxas de prenhez sem necessariamente usar de algum protocolo hormonal. É uma opção por maximizar o desempenho animal (alta taxa de prenhez e altos pesos ao desmame) em detrimento do desempenho por área.
No Brasil, na maioria das vezes, a vaca de cria sofre restrições alimentares em alguns períodos do ano, necessitando algum manejo diferenciado (ex: Desmame Precoce) ou “apoio” hormonal para repetir cria no período de até 85 dias pós-parto. É um sistema de produção que opta por buscar a combinação de desempenho animal e desempenho por área.
A situação descrita de forma bem simplificada aqui explica o porquê do crescimento impressionante do uso de protocolos hormonais para indução e sincronização de cio, a IATF (Inseminação Artificial à Tempo Fixo), nos últimos 15 anos no Brasil. Observe os seguintes dados:
O produtor brasileiro venceu a resistência ao uso da técnica e os resultados de campo vêm tornando-se cada vez mais consistentes. Os trabalhos do Grupo GERAR (Zoetis) mostram resultados médios de prenhez (na primeira IATF) de 48% em 2007, subindo para 52% em 2016. Deve-se observar que no último ano, os dados são a media de mais de 800 mil matrizes inseminadas.
O sucesso dos protocolos de IATF depende de múltiplos fatores. Alguns dos itens mais importantes tornaram-se mais acessíveis nos últimos anos no Brasil, considerando a relação de troca do kg boi versus o custo do insumo. Esta afirmação é verdadeira e facilmente comprovável para vacinas reprodutivas (IBR/BVD/Lepto), protocolos hormonais e também para o custo do sêmen.
O incremento de produtividade dos rebanhos através do uso de touros melhoradores está fartamente demonstrado pela pesquisa e por dados de campo. Na Argentina, o pesquisador Cutaia (2003) demonstrou superioridade de 35 kgs no desmame para filhos de IATF, obtendo 169 kgs para os filhos de monta natural e 204 kgs para os filhos de IATF. As diferenças foram consideradas como 21 kgs devidos à idade (nascidos mais cedo) e 14 kgs devidos exclusivamente à genética superior dos pais. Trabalhos da EMBRAPA mostram claramente que é possível obter um Ganho Genético (Delta G) de 5 a 10% no peso ao desmame com touros melhoradores comparados com touros comuns. No exemplo prático usado a desmama partia de 180 kgs (touro comum) para 200 a 210 kgs com o uso de touros provados. Este ganho deu-se exclusivamente pelo mérito genético dos animais e pode ainda ser melhorado com kgs adicionais propiciado pelo nascimento mais cedo dos animais de IATF.
O cruzamento é uma das poucas tecnologias em pecuária com “custo zero” e com impactos elevados em produtividade. O uso dele depende somente da decisão do produtor e da definição de um sistema simples e bem conduzido. O peso ao desmame pode ser elevado em 10 a 12 % num produto F1 (Europeu x Zebuíno) através da heterose do produto. Se a matriz for cruzada e o touro também (Sintético) o peso ao desmame pode ser elevado em até 20%, somando-se os efeitos da heterose individual e maternal. A IATF é um grande facilitador para programas de IATF, pois podemos trabalhar com mais que uma raça via inseminação, mas podemos simplificar o repasse com touros usando somente a raça mais apropriada ao ambiente de produção.
O uso de IATF, touros melhoradores e programas de cruzamento bem conduzidos é a combinação técnica perfeita para grandes ganhos em produtividade. São técnicas conhecidas dos produtores, comprovadas pela pesquisa e com custos mais acessíveis nos últimos anos. Insemine e cruze com touros superiores!
*Artigo publicado no Catálogo Select Sires do Brasil - 2017/2018
Referências bibliográficas:
- Estimativa do Mercado de IATF no Brasil (USP, 2016)
- Relatório Index ASBIA 2016;
- Benchmarking Gerar - Corte;