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Informações de Reprodutores: salve o portal da transparência

Genética, Informação | 17 de Agosto de 2017

Informações de Reprodutores: salve o portal da transparência

Foto: Divulgação/Assessoria

Por Fernando Furtado Velloso 

Assessoria Agropecuária FFVelloso & Dimas Rocha



A informação é transformadora. Não sei se a frase tem autor conhecido, mas é uma das grandes verdades em que acredito para as situações mais variadas na sociedade. A disponibilidade de informações nos “Portais da Transparência” nos permitiu conhecer os gastos dos governantes, dos políticos e funcionários públicos. Passamos a entender com mais clareza como gestões e partidos usam ou mal usam os recursos públicos. Também passamos a valorizar gestores públicos que são competentes e eficientes no uso do nosso dinheiro. Nas empresas, ocorre o mesmo, e as organizações preocupadas com a boa gestão e eficiência em diferentes setores ou divisões informam seus colaboradores o máximo possível sobre seus resultados, indicadores, etc.

O que essa conversa tem a ver com pecuária e, especificamente, com reprodutores, como indica o título do texto? Tudo. Queremos que os pecuaristas valorizem os touros superiores, a genética, o sêmen de qualidade, mas temos muito a melhorar no quesito de acesso às informações. Vou me deter ao mercado de reprodutores “taurinos” (raças europeias e sintéticas), pois é o universo no qual trabalho e circulo diariamente. 

REGISTRO GENEALÓGICO

Com exceção das raças controladas pela Associação Nacional de Criadores (leia-se: Angus, Charolês PO, Hereford PO e Devon), as demais raças taurinas não disponibilizam na Internet as genealogias dos animais para fácil consulta. Por exemplo: para obtermos as informações genealógicas de reprodutores Brangus e Braford, devemos solicitar para as associações e aguardar resposta. A informação não está prontamente disponível. A informação somente virá sob demanda. Naturalmente que muitas consultas acabam por não serem feitas, pois a dúvida pode ter partido somente de uma “curiosidade zootécnica” em saber quem eram pais e avós de tal animal. Encerra-se aqui a possibilidade de ingresso de um novo investidor na raça A ou B. Encerra-se aqui a possibilidade de um produtor valorizar mais um reprodutor ou o trabalho de um selecionador. A informação fechada em uma caixa faz com que coisas boas, inesperadas e desconhecidas aconteçam com menos frequência.

Queremos que os criadores valorizem o pai importante, o sêmen mais caro usado nos rebanhos puros, o uso de biotécnicas da reprodução (TE/FIV), mas não facilitamos para que essas informações sejam consultadas e circulem entre os produtores.

Considero os Estados Unidos um bom modelo de valorização de reprodutores, pois ocorre grande diferenciação entre rebanhos vendedores e animais, mas a visão deles em relação à informação é bem diferente da nossa. O acesso às informações técnicas sobre os animais é muito facilitado e esse tipo de conteúdo é considerado de domínio público. No Brasil, e especialmente no nosso Sul, ainda algumas pessoas entendem que essas informações são de acesso e liberação restrita ao criador. Não consigo compreender e concordar.

DADOS DE DESEMPENHO E AVALIAÇÃO GENÉTICA

Participo de uma legião de técnicos e criadores que fomenta a aplicação dos dados da avaliação genética pelos pecuaristas. São programas de melhoramento, geneticistas, pesquisadores, associações de raça, selecionadores e técnicos de campo alinhados com o mesmo conceito: selecione e use reprodutores baseado em dados objetivos. Estamos unidos em um consenso raro de se ver em outras situações. Mas por que essa onda positiva não avança mais rapidamente? Um dos motivos é novamente a informação (ou a falta dela). Ela não está ao alcance da mão. Ela não está no Google. Ela deve ser pedida e alguém deve autorizar o envio. Vivemos ainda no tempo em que alguém tem que autorizar que a informação circule. Para os touros provados, localizamos os dados nos Sumários, mas para touros jovens e matrizes, vivemos ainda em um ambiente muito burocratizado. As informações referem-se ao passado e muito pouco ao presente. Os nossos dados são sempre do ano passado ou dos pais da geração passada. O conceito do real time está longe de nós nesse assunto. Voltando aos americanos: a avaliação genética da raça Angus é atualizada quinzenalmente e está à disposição de todos interessados pela Internet. Existe efervescência nas informações e efervescência no interesse por ela.

A pergunta usada para o acesso aos registros genealógico se repete para as avaliações genéticas (DEP): como esperamos que esses dados sejam valorizados pelo mercado se é uma luta para obtê-los? Como esperar que DEP e Índices tornem-se familiares para os compradores de touros se somente os disponibilizamos nos catálogos de leilões? Fora desse momento, é informação não disponível.

TOURO DUPLA MARCA/CEIP = COMUNICAÇÃO FÁCIL

A identificação visual nos animais (marca a fogo) e nos registros genealógicos dos reprodutores Dupla Marca ou Ceip é um exemplo simples e exitoso de como comunicar claramente uma informação técnica. Esses animais superiores geneticamente têm um “nome” diferente (Dupla Marca/Ceip) e esse nome está fácil de ser visto nos registros genealógicos, catálogo de leilão, e no corpo do animal. O mercado compreendeu e valoriza esse produto. Informação técnica disponível gerando valor ao trabalho do selecionador e do reprodutor diferenciado.

Até muito pouco tempo atrás, divulgação, promoção e marketing eram investimentos pesados para as empresas. O custo para que a informação chegasse ao público-alvo era alto e demandava impressos, postagem, anúncios pagos, realização de eventos, etc. A Internet nos permite levar a informação que queremos até as pessoas praticamente com desembolso zero, mas ela cobra todo o dia que o conteúdo tenha valor, que a informação tenha utilidade, que seu uso tenha impacto. Os dados técnicos dos reprodutores (famílias, genealogias, índices técnicos, avaliação genética, DEP, genômica, etc.) são conteúdos que o mercado quer e que gerarão impacto para seus usuários. A informação que temos é valiosa, o mercado quer compreendê-la e usá-la. Nós queremos o mesmo?


* Publicado na coluna Do Pasto ao Prato, Revista AG (Agosto, 2017)

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