O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) informou na segunda-feira (12) que uma equipe de veterinários brasileiros vem fazendo a vacinação de gado venezuelano desde a semana passada, incluindo pequenos rebanhos de comunidades indígenas.
Para Guilherme Marques, diretor do Departamento de Saúde Animal do Mapa e delegado do Brasil na Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), a operação conjunta na Venezuela interessa a toda a América do Sul, em especial ao Brasil.
“Não é simplesmente uma questão humanitária, mas de estratégia e segurança. Existe um plano hemisférico de combate à doença”, disse Marques em nota.
A Colômbia é outro país da região andina em luta contra a aftosa. O status colombiano de zona livre da doença foi alterado pela OIE em 17 de setembro de 2018, após confirmações oficiais de focos no interior do país e na fronteira oeste com a Venezuela.
A atuação conjunta está prevista na Resolução nº 1 da Comissão Sul-Americana da Luta contra a Febre Aftosa (Cosalfa), de abril de 2018, que reconheceu a “necessidade premente de os 13 países membros apoiarem a Venezuela”, sob a coordenação do Centro Pan-Americano de Febre Aftosa (Panaftosa).
O plano de erradicação na Venezuela prevê três vacinações anuais para imunização do rebanho estimado em 15,4 milhões de cabeças, segundo dados da Cosalfa-OIE de 2017: duas vacinações de todos os animais, de mamando a caducando, e uma vacinação somente de animais jovens.
O setor privado brasileiro doou 21 milhões de doses de vacinas, que estão sendo administradas pelo Brasil e Venezuela, sob a custódia e coordenação do Panaftosa.
Zona de proteção
Todo o Brasil foi reconhecido livre com vacinação pela OIE em maio de 2018. A exceção é Santa Catarina, livre de aftosa sem vacinação desde 2007.
Atualmente, as principais ameaças à saúde do rebanho bovino brasileiro – o maior rebanho comercial do mundo, com 221 milhões de cabeças – estão ao sul da Venezuela, na fronteira seca da Região Norte do Brasil, em Roraima, no município de Pacaraima.
Quando o Brasil encaminhou à OIE, em setembro de 2017, o pleito de reconhecimento de livre de febre aftosa com vacinação, apresentou a proposta de criação da zona de proteção em Pacaraima. No último dia 8 de outubro, a Instrução Normativa nº 52 do Mapa instituiu a zona de proteção na área, de 180 km².
"Nessa zona de proteção, estabelecemos medidas de controle mais severas. As ações são mais fortes, mais incisivas do que no restante do estado de Roraima”, disse Marques.
A vacinação de todos os bovinos em Pacaraima é feita pelo Serviço Veterinário Oficial (SVO), na ação chamada de agulha oficial. Os animais são identificados individualmente com brincos numerados e os embarques acompanhados pelo SVO em caminhões lacrados.
A missão é vacinar, a partir da fronteira do Brasil para o interior da Venezuela, todo o gado no município de Gran Sabana (560 cabeças, estimativa não oficial) e na cidade vizinha de Sifontes (6.700 cabeças, não oficial), fazer as inspeções clínicas, registrar os rebanhos e as propriedades. As vacinações são precedidas de agendamento autorizado pelo proprietário ou responsável da propriedade.
O diretor do Mapa prevê um longo período de existência da zona de proteção, que será mantida enquanto Venezuela e Colômbia avançam na erradicação e controle da doença. Segundo ele, a estimativa para alteração significativa do cenário epidemiológico na região andina é de 2 a 4 anos.
Fonte: Carne Tec