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Na batida do martelo: touros de central em pista

Genética, Informação | 15 de Novembro de 2020

Por Fernando Furtado Velloso
Assessoria Agropecuária FFVelloso & Dimas Rocha

É final de outubro quando redijo este texto, e é quase final da temporada de primavera de leilões Sul do Brasil. De setembro a novembro, concentram-se muitos remates de reprodutores taurinos, e já podemos comemorar os ótimos resultados obtidos em praticamente todos os leilões realizados. Antes de a temporada iniciar, falávamos, meio acanhados, na expectativa de R$ 10 a R$ 12 mil para um touro. Hoje, falamos em R$ 15 a R$ 20 mil sem medo da reação de surpresa do comprador.

O mercado nos ajudou e, junto da temporada, veio a suba contínua dos preços do terneiro e do boi gordo. A cada semana ou quinzena, tínhamos que recalibrar o nosso cálculo do valor do touro baseado na referência de 1.500 kg a 2.000 kg de novilho. Conforme dados do NESPro (UFRGS), iniciamos agosto com preços médios do boi gordo (RS) em torno de R$ 6,80, e estamos terminando outubro próximos ou acima de R$ 8,00. Em relação aos preços de terneiros foi o mesmo: partimos de valor próximo de R$ 7,00 e, hoje, superamos a casa dos R$ 10 ou R$ 11 com muita frequência. Que boa onda pegamos bem no momento de vender os touros.

Dentro da temporada temos outro fenômeno muito positivo: a crescente venda de touros para centrais de inseminação ou para coleta de sêmen por pecuaristas. Vou tentar revisar alguns aspectos sobre a venda deste produto que gera tanta curiosidade e é meta para tantos vendedores de touros. O que era um fato raro e muito comemorado passou a ser quase rotina nos bons leilões: a venda ou a contratação de um touro pelas centrais de inseminação está presente na maioria das notícias de resultados dos remates. E, usualmente, são os grandes destaques e os preços mais altos obtidos em pista. Aí já não importa muito a referência do preço do boi. O touro de central arranca no R$ 20 mil, passa a trote (ou galope) pelos 30, 40, 50, 60, e passa dos R$ 100 mil em algumas vezes. Tivemos alguns destaques vendidos até por R$ 100 mil (ou mais) para cotas de 50%. Além dos bons valores, temos leilões que não vendem só um touro de central, mas dois, três ou cinco deles na mesma ocasião. Por exemplo, no leilão ANGUS RIO DA PAZ, foram vendidos sete touros para central e alguns mais para coleta de pecuaristas. No BRANGUS HP, a cota de 50% de Castus foi arrematada por R$ 138 mil. Aí fica bonito.

O forte crescimento do mercado de inseminação no Brasil nos últimos anos e as questões cambiais tem impulsionado a venda de touros para coleta de sêmen, especialmente nas raças Angus e Brangus. Em breve, iremos atualizar o levantamento de touros nacionais em coleta no país, mas o crescimento em número de doadores é visível. As multina cionais que, tradicionalmente, trabalhavam quase só com touros importados tiveram que se “render” ao touro nacional, e terão que ajustar a um novo discurso para oferecer o produto.

 O waze do mercado já está alertando: “recalculando rota, recalculando rota”. As centrais de coleta estão com fila de espera, e até lembram o “drive thru” do Mc Donalds nestes meses de pandemia. Deixa entrar o meu tourinho aí e me alcança um Mc Lanche Feliz.

Muito bem. Vamos avançar em alguns pontos que precisamos observar na preparação da venda de um touro para centrais de inseminação. Já está claro que a contratação de um touro por uma central de genética é um aval ao trabalho realizado pelo selecionador e qualifica a sua oferta como um todo. Já está claro também que é possível realizar a comercialização de um touro (ou mais) de central pelo valor de dois, cinco ou dez touros comerciais. Logo, dedicar tempo e trabalho para essa possível venda é necessário e justificável. O mercado é comprador, mas temos que atender minimamente algumas tarefas para que um touro superior seja visualizado como candidato a touro de central.

PRODUTO – TOURO DE CENTRAL
O touro que pretendemos a venda ou contratação por uma central é um produto que tem muito mais especificações e exigências do que um touro padrão. Observe e considere o seguinte:

• Dados: o nível de detalhamento dos dados do touro de central é bem maior que do que um touro para o pecuarista. Informe, no catálogo, o máximo possível de informações. Não limite o seu catálogo somente à publicação de Índices (Desmama, Final e Carcaça). O seu touro pode ser top para Peso ao Nascer, AOL, Marmoreio, etc. Essas informações serão solicitas pela central interessada. Tenha em mãos o Atestado de Performance/CEIP para envio ao interessado. Ele vai pedir.

• Genealogia: informe mais do que somente o pai do touro. Ele tem mãe, avós e família. Pode ser irmão de outros touros de central, ser filho de uma das vacas líderes na avaliação genética. É válido que mais gente saiba. Não considere que a fala do leiloeiro vai esclarecer tudo. Muitos nem a ouvirão.

• Homozigoto Preto: para Angus e Brangus, a confirmação de que o touro é homozigoto preto é exigência de todas as centrais. Realize antecipadamente o teste e o informe claramente no seu catálogo. Se não consta no catálogo é dúvida. Sendo dúvida, talvez seu touro fique fora da lista de candidatos.

• Genômica: informe claramente os dados da avaliação genômica. Ali estarão características, muitas vezes, não medidas no desempenho do animal: facilidade de parto, eficiência alimentar, temperamento, maciez da carne, etc.

• Touro Jovem: é difícil e é um grande mérito ter o seu touro na lista de Touros Jovens (TJ) do programa de melhoramento. Ali, estão os melhores touros da raça em uma safra toda. Informe claramente quem são os TJ no seu catálogo. Eles são os touros preferenciais das centrais.

• Imagens: O touro de central necessita bom material visual. Se o vendedor já realizou este trabalho está facilitando a vida das centrais e melhorando as chances de seu touro ser escolhido. De outra parte, touros com fotos nos catálogos são considerados como destaque ou superiores pela maioria dos compradores. Dê o destaque que o seu touro merece (se ele merece de fato).

FORMA DE COMERCIALIZAÇÃO – TOURO DE CENTRAL
Existem diferentes formas de realizar a venda de um touro de central, e a comunicação se faz muito importante para que os interessados compreendam que existe a oportunidade de compra:

• Touros de Central ou na Central: o touro pode ser vendido já dentro de uma central de coleta (via vídeo). Essa situação gera mais segurança ao investidor e antecipa a comercialização de doses. Esse modelo tem se mostrado exitoso nos últimos anos.

• Touros contratados: os touros que já estão contratados (ou têm garantia de contração por uma central) geram interesse aos investidores. Essa condição deve ser informada claramente. A possibilidade ou não de destinação para outra empresa deve ser informada também. Existem situações em que o touro está comprometido com uma central e outras em que está livre. São dúvidas comuns do interessado;

• 50%: a venda de 50% de um doador de sêmen é usada para o vendedor seguir participando dos resultados na venda de sêmen. Pode ser algo positivo ou não. Irá atrair alguns perfis de compradores e afastar outros também. Nem todo vendedor é visto como bom sócio. Nem todo comprador é uma boa alma para termos perto. Considere bem. A sociedade em touros de central é bem fácil de ser administrada, pois as centrais prestam contas e pagam as participações em separado para cada sócio. Mas, sociedade é sociedade. Tenho visto tantos divórcios nesta pandemia.

Em outubro de 2018 escrevi o texto “Touro de Central ou Ações da Petrobras?”. Dê um Google. A soma daquela informação com a do texto de hoje está alinhada nos mesmos conceitos. Dá um bom suco aos interessados em comprar ou vender este produto.

As exigências para um touro de central a cada ano serão maiores, pois, a cada ano, incorporamos mais tecnologia ao produto. Seguramente, são necessários mais investimentos para a qualificação de um touro como de um touro de central. Essa análise deve ser feita por cada produtor: que tipo de vendedor eu quero ser? Não há problema algum em ser somente fornecedor para o mercado local em um sistema mais simplificado.

Nos 90 dias ou menos da temporada de leilões, o seu touro estará correndo na cancha com muitos outros touros bons. O seu vizinho é bem competente também. Sendo assim, simplifique e facilite a consulta de informações (e a vida) da central interessada no seu touro. O seu cliente está sendo bombardeado de informações e ofertas todos os dias (não é exagero). Se a sua informação estiver mais facilmente consultável e organizada, as chances de gol aumentam.

A possível venda de um touro de central é feita de vários estágios e perguntas: o touro tem boa foto? É homozigoto preto? Tem DNA? A mãe está viva? Tem DNA da mãe? O vendedor garante o congelamento? Já congelou? Está numa central? Já fez quarentena? Tem estoque de doses? Já foi usado em IATF? Este pessoal é muito perguntador. “Mas, Velloso, tudo isso gera muito trabalho, é caro, é muito papel, etc. Será que vale à pena?” Dizem que é falta de educação responder uma pergunta com outra, mas é o que me resta: R: Que tipo de vendedor de touros você quer ser?


* Publicado na coluna Do Pasto ao Prato, Revista AG (Novembro, 2020)

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