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Comércio digital de carne avança e deve manter-se no pós-pandemia

Informação | 26 de Novembro de 2020

Seguindo a tendência geral do varejo em tempos de pandemia, o mercado da carne vem expandindo o comércio digital e apostando no binômio padrão e conforto para solidificar uma nova e potente ferramenta de consumo. Os rumos que levam a esse novo mercado que se abre em diferentes partes do mundo foram tema da segunda noite de debate da 3ª Jornada Técnica Angus, que se encerra nesta quinta-feira (26/11) com agenda a partir das 19h. A economista e pesquisadora Juliana Chini indicou que, durante a quarentena, pesquisa realizada nos Estados Unidos pela Midan Marketing constatou que 54% dos consumidores compraram carne online e que 26% deles admitem que, ao fim da pandemia, a principal forma de compra de carne seguirá sendo de forma virtual. Entre os pesquisadores entrevistados, 32% confirmaram estar experimentando marcas de carne que não costumavam comprar, 60% admitem estar testando novas receitas e 60% estão congelando carne em casa além do que o normal. Dados que, segundo a mediadora e gerente nacional do Programa Carne Angus Certificada, Ana Doralina Menezes, chamam atenção e devem ser observados pela pecuária nacional.

Juliana também sinalizou para um salto no interesse do consumidor pela conveniência da compra de cortes bovinos de 30% para 39%. “Isso é uma oportunidade para quem trabalha com carne de marca e de raças como a Angus”, pontuou a professora na área de comportamento do consumidor. Convencida de que a projeção de aumento de 80% no consumo de proteína animal até 2050 oferece mercado a diferentes nichos de produto, ela reforçou a necessidade de qualidade e padronização para conquistar esse novo consumidor que adquire sua proteína por meios de aplicativos e sem botar o pé no açougue. “A compra online exige padrão”, disse a fundadora do Blog da Carne. “O consumo mudou. A pandemia antecipou projetos que eram para cinco anos para alguns meses. As vendas online cresceram 100% no Brasil só no mês de junho. No setor de alimentos e bebidas, chegou a 241%”, justifica.

Durante o evento, Juliana relatou seu trabalho no projeto içougue e sinalizou que a tendência para maximizar entregas a longas distâncias está em estabelecer uma rede confiável de fornecedores locais. Indicando um caminho claro de expansão na venda de carne por aplicativos, ela vê no cliente que hoje compra cortes pelo WhatsApp ou pelo Rappi o potencial consumidor de assinaturas mensais ou semanais de carne. “Temos um perfil de consumidor que quer comodidade. Não quer mais ter que comprar carne para o dia a dia. E para o final de semana, quer uma qualidade top sem perder tempo com isso. Passando a pandemia, terá diferencial quem oferecer a melhor experiência com garantia de qualidade”.

Em sua palestra, a CEO da Avelã Public Affairs, Andrea Veríssimo, resumiu as mudanças da geografia produtiva de bovinos no Brasil, que saltou de 92,5 milhões de cabeças em 1974 para 214,8 milhões em 2019. Nesse período, viu-se também uma alteração consistente das tradicionais áreas de produção. Mato Grosso despontou como maior produtor de gado do país e estados como Rio Grande do Sul e São Paulo perderam força. Para se ter uma ideia, indicou ela, em uma mapa de rebanho, o pampa gaúcho perde para os novatos Rondônia e Pará. Acompanhando essa tendência, Andrea também verificou mudança nos dados de abate, o que sinaliza transformações nas indústrias frigoríficas.

A médica veterinária lembrou que a nutrição do gado e os sistemas de produção também passaram por mudanças, com aumento da importância do confinamento e ampliação de projetos de integração lavoura -pecuária e de pastagens cultivadas. Fato que se relaciona com a ampla oferta de grãos, algodão e seus subprodutos no Brasil Central, aproximando altas e potentes fontes nutricionais dos cochos.

Andrea ainda citou levantamento recente feito na indústria que constatou que, entre 2012 e 2019, o uso de confinamento e semiconfinamento saltou de 46% para 79% dos animais. Como reflexo, a cobertura de gordura média das carcaças saltou de 30% para 38%, e o peso das carcaças de machos de 283 para 296 quilos. “Isso indica que estamos trabalhando com formas mais intensivas focadas em produzir alimento em menos tempo e com menos recursos”, completou de olho nos ganhos em sustentabilidade.

Ao trilhar projeções, a consultora ressaltou o ganho que as certificações terão nesse processo de conquista do novo consumidor, um cliente exigente e preocupado em adquirir produtos comprometidos com o bem do planeta e dos animais. Sobre o futuro da produção, ela indicou que há diversos caminhos a serem seguidos. Entre eles, estão as tecnologias de seleção de reprodutores para produção de carnes mais saudáveis. E concluiu deixando um alerta: “Qual o recado que o consumidor quer nos dar? Ele quer produção Premium e quer cuidado, quer amor na produção, valores morais que carregamos há gerações. É preciso pararmos de nos defender e mostrar o que fazemos”.

Fonte: Angus 

Comércio digital de carne avança e deve manter-se no pós-pandemia

Foto: Divulgação/Assessoria