O mês de outubro foi de preços relativamente estáveis no Rio Grande do Sul para as categorias de gado gordo para abate. Foram pequenas as quedas observadas, da ordem de 1%, em especial para a modalidade de kg vivo (Gráficos 1 e 2). Na modalidade a rendimento, se observou estabilidade, com os preços ao final do mês praticamente iguais aos da abertura do início de outubro, tanto para bois como para vacas (Gráficos 3 e 4).
O comportamento esperado era de que já observássemos um início de recuperação de preços na segunda quinzena, em especial pela redução da oferta que ocorre com o fim da temporada de gado gordo das pastagens dos sistemas de integração com a agricultura. Houve um esboço de recuperação nos preços coletados na semana do dia 20/10, como pode ser observado nos gráficos. No entanto, não houve sustentação e nem continuidade no movimento, pelo menos por enquanto.
Os motivos foram, além de consumo interno ainda fraco, a permanência da suspensão das exportações brasileiras para a China, o que pressionou para baixo o preço do gado nas regiões exportadoras (MT, SP, GO, MG, MS e RO). Isso indiretamente também influencia o mercado gaúcho, mesmo que a quantidade exportada pelo RS seja muito pequena, sendo o mercado predominante o doméstico. Os indicativos ainda são de indefinição e incerteza quanto à solução desta suspensão chinesa. A origem está nos casos pontuais atípicos de EEB (doença da vaca louca), ainda no início de setembro. Mesmo após a confirmação do status sanitário brasileiro por parte da OIE, logo após o reporte voluntário pelo Brasil, a China ainda não autorizou a retomada. Por outro lado, o RS vem reduzindo o seu rebanho, e o abate no 3º trimestre, como pode ser visto na Carta Conjuntural do NESPro foi reduzido (-27% sobre 2020). Isso mantém a oferta enxuta, e se traduz em sustentação de preços, mesmo para um mercado interno desaquecido para carne bovina.
Para as próximas semanas, com a proximidade do final do ano, há tradicionalmente aumento no consumo interno, e chega ao mercado a renda do décimo terceiro salário. Para dezembro, também se espera o Auxílio Brasil de R$ 400. Há expectativa, portanto, de algum aumento no consumo, o que tende a recuperar a cotação, pois a oferta está enxuta e ajustada. Segue-se observando com expectativa, no entanto, o desdobramento da situação com a China, e o comportamento dos preços nas demais regiões do país, bem como os fluxos internos de produtos. Neste momento, ao final de outubro, o RS detém o maior preço entre as regiões relevantes da pecuária brasileira.
Fonte: NESPro