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Brangus Ponche Verde, na busca por conveniência

Genética | 19 de Agosto de 2022

Brangus Ponche Verde, na busca por conveniência

Foto: Divulgação/Assessoria

Selecionando para Conveniência = Vacas Funcionais:

“...suas vacas trabalham para você ou você trabalha para elas?”

Quem não observa a história está sujeito a repetir os erros cometidos no passado e na pecuária de corte existe uma diversidade de sistemas de produção e seleção, não gostaria de criticar ou influenciar ninguém, mas observo muitos criadores na corrida pelos números e lideranças nos sumários estão preocupados em multiplicar e pensando pouco no que estão fazendo para que sua próxima geração seja realmente melhor, capaz de acumular ganhos genéticos, sendo mais eficiente dentro das suas condições de produção.

A conveniência é uma ferramenta para a eficiência, mesmo não existindo uma “dep” ou um índice para isto. Sabemos que vacas funcionais, produtivas, eficientes em seu meio de produção é o caminho para que um rebanho tenha rentabilidade.

Para ser conveniente uma vaca tem de ser capaz de criar a cada 12 meses e desmamar um bezerro pesado, neste contexto é preciso fixar no rebanho características como:

- Fertilidade:

Femeas férteis, chegam à puberdade cedo, emprenham e são capazes de emprenhar novamente, pois é comprovado que a eficiência na reprodução é a característica de maior impacto numa pecuária de cria e para isto precisamos estar num processo continuo de seleção por fertilidade onde descartamos do nosso programa as fêmeas que não emprenham durante o período de monta.

- Facilidade de parto:

Parir sem assistência é extremamente importante assegurando menores percas, e menor demanda por mão de obra, também e é comprovado que a vaca que pariu mais fácil, estará apta para emprenhar mais cedo quando comparada com uma vaca que teve que ser assistida no parto.

- Correção estrutural:

Um gado sólido, correto com boas linhas, bons aprumos, bons úberes, boca grande, vacas femininas.

- Produção de leite e habilidade materna:

Tem de produzir o suficiente para desmamar um bezerro pesado, precisa de um equilíbrio entre a produção e seu custo de manutenção. Tem que ter saúde no úbere e tetos, cuidar bem de sua cria.

- Habilidade de pastorear:

Vaca que tem habilidade para pastorear, que tem apetite para comer pasto de má qualidade. Na grande maioria os rebanhos de cria se encontram em terras marginais impróprias para agricultura, esta é a grande razão pela qual criamos gado para transformar um recurso de baixa qualidade em um alimento de alto valor.

- Temperamento:

Bom temperamento facilidade de manejo, evitando os extremos pois em algumas condições a falta de disposição também é prejudicial.

Tamanho da vaca:

Vacas medianas ou de tamanho intermediário, são mais eficientes sob condições de pastejo, tendo sempre um equilíbrio entre sua necessidade de manutenção e a oferta forrageira.

Longevidade:

Pesquisadores estimam que para ser rentável uma vaca deve permanecer no rebanho no limiar dos 6 a 7 partos, portanto animais mais adaptados de porte médio, femininas, aprumos fortes e corretos, e com um equilíbrio na produção de leite tem mais chance de reproduzir e se manter num rebanho durante anos, sofrendo menos estresse durante sua vida.

Adaptação:

Agora quando chegamos neste ponto acho que é a chave necessária para perpetuação do nosso negócio, pois adaptação aos trópicos vem a ser o nosso desafio, do criador brasileiro. Não digo que vamos fazer uma mutação genética e transformar o Brangus num zebuíno. Mas podemos focar e trabalhar buscando linhas sangue capazes de fixar pelo mais curto, e maior tolerância a ectoparasitas.

É importante a adequação dos genótipos ao ambiente de criação, sob os aspectos econômico e de bem-estar animal, em que a manutenção de bovinos em constante estresse térmico acarreta prejuízos por menores índices de produtividade.

A seleção para adaptabilidade por meio de escores visuais de tipo de pelame é eficiente em raças que apresentam variabilidade fenotípica para esta característica, resultando em ganho genético pela correlação do pelame com o conforto térmico dos bovinos.

Animais com maior adaptação ao meio são mais produtivos, portanto, trabalhar duro selecionando hoje para adaptação vai lhe poupar tempo e dinheiro no longo prazo, quem sabe determinar quem permanece na atividade, pois para ser rentável é preciso vacas funcionais ou com traços de conveniência adequados.

A produção de reprodutores é um negócio por natureza de longo prazo, é preciso ter consciência disto, ter noção do nível que se encontra o rebanho, que características precisam ser melhoradas, e desta maneira manter um foco por sucessivas gerações, pois quando se trabalha com uma raça pura dependemos de genética aditiva, onde para fixar características, concentrar genes desejáveis é necessário no mínimo 3 a 5 gerações e para isto é preciso 10 a 15 anos. Desta forma um rebanho que tenha um diferencial genético e consistência para transmitir a sua descendência precisa de muitas gerações, portanto são anos sendo lapidado pelo ambiente e construído pela mão do criador que enxerga, seleciona, e evolui.

Enfim para se atingir o objetivo de oferecer ao mercado, reprodutores geneticamente superiores, em: desempenho, tipo racial e com grande adaptabilidade ao meio, capazes de produzir uma descendência eficiente aos produtores e que supram as necessidades da indústria. Necessitamos muita disciplina, respeito à natureza e ao tempo, pois é impossível atingir o sucesso pulando etapas.

Por: Critopher Filippon (Estância Ponche Verde - Guaraniaçu, PR)

 

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