*Fernando Furtado Velloso, 19 de fevereiro de 2013
O Programa do Governo do RS intitulado inicialmente de
A Melhor Carne do Mundo teve a sua pedra fundamental em evento no Galpão Crioulo do Palácio Piratini em 05 de abril de 2011. Não esqueço o local porque estava presente e não esqueço a data porque foi o dia que meu filho Bento nasceu. Fui convidado pelo Sr. Eduardo Linhares (integrante do Conselhão do governo Tarso), a apresentar os desafios e oportunidades da carne gaúcha. Assim fizemos e aparentemente motivamos os presentes a pensar e agir setorialmente pela pecuária. Ali foi lançada a primeira semente oficial do
Instituto Gaúcho da Carne.
O desdobramento deste evento (aparentemente exitoso) foi o da estruturação oficial do trabalho. Foi reinstalada a
Câmara Setorial da Carne Bovina com diversos representantes do setor como Farsul, Sicadergs, Embrapa, Fundesa, Federacite, MAPA, Famurs, UFRGS, etc e com a importante coordenação e suporte da SEAPA. Já no princípio foi realizado um Seminário muito bem conduzido para dar método e organização às atividades da Câmara. A formação de Grupos de Trabalhos (Sanidade, Mercado e Rastreabilidade) com áreas de discussão bem definidas foi um importante resultado deste seminário, e assim seguiu o trabalho da câmara.
As reuniões dos Grupos de Trabalho resultaram em uma série de proposições de ações necessárias para o desenvolvimento do negócio Carne Gaúcha: desenvolvimento e marketing do produto, promoção dos valores e diferenciais da nossa carne, fortalecimento dos programas de sanidade animal, assistência técnica, certificações, rastreabilidade, etc. Passamos então a etapa da discussão do como fazer e voltamos a perceber a necessidade de um instituto para execução ou suporte de todas estas frentes, pois as entidades presentes na câmara estavam (e estão) ali como colaboradoras, mas sem condições de execução. Pode-se dizer que a grande maioria fechou na questão que o Instituto Gaúcho da Carne era uma necessidade e a via de enfrentar os desafios de nosso setor. Nada se faz sem recursos e força de trabalho e um fundo da cadeia seria o possível mantenedor do instituto, aí a cousa complicou...
Tão logo começamos a somente discutir o formato do possível fundo a ser arrecadado no abate dos animais o trabalho literalmente trancou. Chegamos ao ponto de ouvir que não tinhas competência para discutir o assunto e que aquele fórum não era o local para tal discussão. Bom, se a Câmara Setorial da Carne não é fórum para tal discussão, onde será? Aí ficou claro que as resistências eram internas e que nosso inimigo não é sempre a indústria ou o varejo. O natural e esperado esvaziamento de presenças na câmara, ou pelo menos, esfriamento das motivações foi ocorrendo.
Incorremos no mesmo e velho histórico problema da gauchada: preocupa-nos mais saber se vão mexer no meu queijo do que fazer o nosso queijo crescer... Passados quase dois anos, muito pouca coisa avançou neste trabalho todo. O Bento já caminha, corre e leva seus tombos, mas o Instituto e a tal Melhor Carne do Mundo seguem embrionários. É nosso hábito buscar culpados pelos nossos problemas, mas estou achando que neste caso o problema somos nós mesmos.
(Publicado no Jornal Folha do Sul - Bagé, 20 fev 13)