Por Fernando Furtado Velloso
Apesar de novo, carrego muitos setembros nos peçuelos da memória (como diz a música). Meu primeiro 20 de setembro oficial foi em 1985 e, na ocasião, desfilei no grupo da gurizada e dos petiços em Livramento (Movimento Nativo Upamoroti). Na época, esse assunto de gauchadas era bem coisa dita de “grosso”, especialmente para o pessoal da nossa capital. Mas com a naturalidade da criança e apoio da família eu cruzei a Andradas na contramão com orgulho e garbo de cavaleiro.
De lá pra cá (e se passaram mais de 25 anos), muito coisa mudou. A bombacha transita por todos os lados (até no brique da Redenção) e a pilcha tornou-se traje oficial no RS. Sejam dados muitos créditos ao Cavalo Crioulo e a ABCCC, que levaram a bota e a bombacha para todoo RS e, depois, para fora dele. De coisa de “bacudo” a bombacha virou quase moda para alguns mais urbanos, pelo menos na Expointer, Semana Farroupilha e Credenciadoras.
Transportando o assunto para a pecuária, sempre ouvi muitos críticos indicando que o gauchismo era uma das grandes causas de alguns atrasos no campo, alegando que o tradicionalismo era o responsável pelos baixos índices produtivos, pelas práticas inadequadas de manejo e no trato com os animais. Sempre lamentei muito em ouvir este tipo de distorção e também do tom pejorativo que muitos se referem ao “gauchinho”. Pois bem, ouvi e copio de um amigo que sempre repetia que “só há problema quando as bombachas saem das pernas e sobem para a cabeça”. Tradição e tecnologia, cultura e produtividade, pilchas e eficiência no campo podem viver em harmonia e já estão alinhadas em muitas propriedades de nosso Estado.
Aliar produção e carne de qualidade com história, cultura e valores do campo é um trunfo do RS. É um diferencial competitivo e será cada vez mais. Os que criticam gratuitamente as nossas tradições e formação cultural por certo não têm o DNA do campo. Encerro por aqui e me despeço. Já é passada a hora de imalar arreios pra quebrar mais um 20!