Foto: Divulgação/Assessoria
Por William Koury Filho, Brasil com Z - Zootecnia Tropical
Amigos do agronegócio, em junho, a agenda de trabalho de curral foi bruta. Trabalhamos forte nas avaliações de desmama dos clientes da BrasilcomZ, e tivemos a oportunidade de ver os resultados dos acasalamentos da estação de monta de 2014. Em outras empreitadas, realizamos o EPMURAS, a apartação de lotes e a definição de ordem de entrada no preparo que antecede a impressão dos catálogos para os leilões de reprodutores. Além disso, conta-se a minha participação in loco com os comentários técnicos durante os eventos, auxiliando clientes a adquirirem a mercadoria mais apropriada para alcançarem melhores resultados em seus respectivos rebanhos.
Bom, na coluna deste mês, o assunto é touro! Colaboramos com uma iniciativa inédita da consultoria FF Velloso & Dimas Rocha e da Revista AG, com total apoio do BeefPoint, para realizar um censo sobre os maiores vendedores de touros do Brasil – matéria completa sobre o desenvolvimento da ideia foi o tema da capa da edição do mês passado, quando foram publicados os 50 maiores vendedores de reprodutores taurinos.
Pois é, essa colaboração veio ao encontro da vontade de nossa empresa em gerar mais informações sobre o importante mercado de touros, os maiores responsáveis pelas mudanças genéticas no rebanho nacional, já que cerca de 93% das matrizes emprenham de monta natural e 7%, de inseminação artificial.
Obviamente que a pesquisa realizada para o TOP 100 não é uma representação fiel de quem são os maiores vendedores de touros do País, já que a adesão é voluntária, e, embora tenhamos feito um grande esforço de comunicação, muitos selecionadores ficaram de fora nesse primeiro ano –acreditamos que nas edições seguintes do TOP 100, o número de participantes deverá aumentar devido à visibilidade que o projeto dará a esse importante segmento da pecuária brasileira.
Os números de reprodutores comercializados levantados pela pesquisa de 7.552 taurinos e 34.549 zebuínos é suficiente para cobrir cerca de 1.262.730 matrizes. Para se ter uma ideia em números, no rebanho atual, temos cerca de 59 milhões de matrizes de corte, das quais cerca de 7% são inseminadas, gerando uma demanda anual de aproximadamente 350 mil touros.
Outros resultados interessantes da pesquisa nos zebuínos: participaram 73 rebanhos, dos quais somente três venderam acima de 1.000 touros; trinta, mais de 200; e quarenta e quatro selecionadores, acima de 100 reprodutores.
A raça mais representativa foi o Nelore, com 73% da participação; depois, Nelore Mocho, com 18,8%; Guzerá, com 4,4%; seguidas de Brahman, 1,6%; Sindi, 1,3%; Tabapuã, 0,9%; e Gir Corte, 0,02%. Dessa forma, podemos concluir que a pesquisa pode evoluir muito e deverá ampliar de maneira significativa o número de animais no censo. Porém, mesmo com a evolução, deveremos constatar aquilo que empiricamente já sabemos, ou seja, que muitos produtores de gado de corte utilizam “cabeceira de boiada” para emprenhar suas matrizes com semente (machos) sem procedência e nenhuma garantia de resultados.
Com a profissionalização da atividade, a demanda por reprodutores melhorados (semente certificada), com informações de avaliações genéticas e morfológicas, deverá ampliar e muito! Vimos isso acontecer na agricultura e brevemente creio que poucos serão aqueles que continuarão a utilizar “semente do paiol” (cabeceira de boiada).
Para fechar a prosa, ao compararmos a pecuária brasileira com a capacidade da agricultura de precisão, que só usa semente certificada, com garantias de qualidade, cabe a reflexão pertinente quanto ao que ainda se pode evoluir na atividade, onde boa parte dos rebanhos insistem em usar “semente do paiol”, sem garantia alguma de uma boa colheita de bezerros.
Como diz o velho ditado: colhemos aquilo que plantamos!
* Publicado na coluna "Brasil de A a Z", Revista AG (Julho/2016)