Texto de: Celso Jaloto Avila Junior – 17/Nov/2016
Participo destes leilões há mais de quinze anos. Não é muito, mas o meu olhar é de vendedor, comprador e de apaixonado por eventos dessa natureza. Tive oportunidade de assistir leilões de forma presencial, em vários Estados do Brasil, leilão de elite do Nelore em São Paulo, leilões fora do Brasil, no Canadá, Bolívia, Argentina, Paraguai e Colômbia. Com isso já vi de tudo nos leilões. Por isso eu comento que aqui no Rio Grande do Sul podemos inovar. Mas, para tal, temos que “quebrar paradigmas”.
Hoje, a grande maioria dos leilões são realizados em locais de remate especificamente construídos para esse fim, podendo ser localizado na sede de uma fazenda, em um local de propriedade privada que são alugados para executar esse tipo de atividade, em local de propriedade da própria firma leiloeira, ou em parques de exposições de propriedade dos Sindicatos Rurais dos respectivos municípios.
Os leilões podem ser organizados com os animais de forma presencial, nos locais acima especificados, ou mesmo de forma virtual. Neste último caso, os animais, ou lotes são previamente filmados e no dia programado são apresentados aos compradores, através de transmissão por canais de TV, através dos recursos da Internet, ou mesmo em um local previamente organizado para a apresentação dos vídeos, bem como a combinação deles.
Os leilões ligados à pecuária ocorrem com todo tipo de animais. Bovinos, equinos, bubalinos, muares, asininos, suínos, ovinos e caprinos. Claro que dependendo da região brasileira haverá a predominância de um ou de outro animal.
Os leilões são organizados segundo a finalidade e característica dos animais (cria, recria, e engorda), reprodutores e matrizes, ou mesmo material genético como sêmen ou embriões. Entretanto, principalmente entre os equinos e bovinos são onde ocorrem com maior frequência os leilões de elite. Esses leilões, dependendo da importância genética dos animais, movimentam valores altos em sua comercialização. Os mais elitizados ocorrem muitas vezes de forma virtual e são executados em restaurantes e hotéis de luxo, ou até mesmo em navios sofisticados.
No passado a venda ocorria praticamente com pagamento a vista. Hoje, existem prazos e parcelamentos dos valores a pagar, e até mesmo financiamentos bancários para fomentar a comercialização.
Frases de efeito e gestos são marcas registradas de muitos leiloeiros. Como: “Quem vai comprar o primeiro lote..... sem constrangimento......”. Ou, “Um lance mais.....Não se arrependa depois. Se arrependa com o touro em casa”. Ou ainda: “Não..... esse valor eu já tive de dois e não aceitei”. Ou mesmo como nossos vizinhos platinos: “¡Qué vale cuánto? ¡Cuánto vale?”. E ainda os colombianos: “A ver tengo 38.000 peso, quero 39.000..... genética por todo lado”.
No local de leilão o leiloeiro comanda o evento. Existem os funcionários (peões/vaqueiros) que manejam os animais trazendo para pista do leilão. Entretanto, além do leiloeiro, são personagens fundamentais os “pisteiros” do local de leilão. Eles estão diretamente ligados junto ao público e interagem com o leiloeiro. Conhecem a maioria dos compradores e “incentivam” a compra. Via de regra, além das descrições fenotípicas e genéticas dos animais, feitas pelos leiloeiros, os pisteiros também dão a sua contribuição, valorizando o animal. Neste particular gostaria de citar o pisteiro Mário Pereira, falecido este ano, prematuramente, aos cinquenta anos e que trabalhava para empresa Programa Leilões. Não o conheci pessoalmente, mas a sua forma de trabalhar era contagiante. Muitos leilões de Nelore eu assisti onde ele era o pisteiro e conhecia como ninguém a genética e toda a clientela daquela raça.
Não poderia deixar de citar três mulheres pisteiras. Duas eu conheço, pois já atuou por duas vezes em nossos leilões (Braford Tropical), na AgroBrasília. Trata-se da Luzia Antunes e sua filha Livyene Antunes, ambas de Unaí-MG que trabalham juntas. Luzia é uma mulher dinâmica e de fibra que desempenha muito bem o ofício de pisteira e seguindo os seus passos a sua filha que estão sempre juntas. A outra eu não conheço pessoalmente, mas todos a conhece no Brasil Central, que é a Ângela de Sales, conhecida como a "Pisteirinha de Camapuã". Há mais de 20 anos trabalha como pisteira em leilões. Eu já a vi trabalhando, pela TV. E aos gritos e gestos essas pisteiras informam os novos lances nos leilões e fazem um elo entre o público e o leiloeiro.
Ilustrações:
• Touro Braford FERRARI_60º Remate Cabanha Santo Ângelo – Nov 2016
• Leilão de um touro Hereford.
• Leilão de fêmeas Hereford, São Joaquim-SC.
• Leilão Bezerraço, Exposição de Patos-PR – 2014.
• Leilão de Elite Nelore.
• Leilão de Red Angus, Rural de Lages-SC
• Leilão_1 Mercado de Linier, Buenos Aires, Argentina.
• Leilão_2 Mercado de Linier, Buenos Aires, Argentina.
• Leilão_3 Mercado de Linier, Buenos Aires, Argentina.