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Informação e comunicação, do macro ao micro para a pecuária de corte

Genética, Informação, Mercado | 15 de Abril de 2018
Por Fernando Furtado Velloso
Assessoria Agropecuária FFVelloso & Dimas Rocha


Vivemos uma era de fartura de informações e isso é muito bom. Temos, literalmente, ao alcance da mão quase todas as informações que buscarmos sobre os mais diferentes assuntos. Não é diferente para a pecuária de corte, localmente, nacionalmente ou globalmente.

Recentemente, foram concluídos e entregues ao nosso setor dois importantes trabalhos: o Observatório da Bovinocultura de Corte do RS – 4ª edição (Nespro/UFRGS e Embrapa/CPPSul) e o Observatório Gaúcho da Carne (Governo do RS, Farsul, Fundesa e Sicadergs), ambos com muitas informações sobre o estoque e a comercialização dos bovinos e da carne gaúcha. Recomendo que essas fontes de informações sejam conhecidas e consultadas pelos pecuaristas do RS, pois a nossa pecuária está quase toda ali dentro dessas publicações, seja em PDF ou formato Web.

A informação está no DNA de nossa empresa e faz mais de dez anos que nos empenhamos em reunir, traduzir e publicar notícias e artigos voltados à área de reprodutores, genética e os fatos relevantes da pecuária do Sul do mundo. Não nos restringimos às fronteiras políticas, pois muito do que ocorre na pecuária do Uruguai, da Argentina e do Paraguai são informações úteis para o nosso negócio.

Pensando globalmente e agindo localmente

As informações são necessárias e válidas para avaliações e decisões no ambiente macro (setorial) e também no micro (diretamente pelo produtor). Perdoem-me os economistas se estou usando a terminologia de forma meio arredondada.

No “macro”, as informações devem ser usadas por governos, entidades e universidades para a definição de políticas setoriais, ações e estratégias de marketing e linhas de pesquisa.

Na área de produção de bovinos, os dados de estoque (rebanho), nascimentos, movimentação e abates nos informam sobre a produtividade dentro da porteira. Com a avaliação das taxas de natalidade, desmame, idade e peso de abate, compreendemos mais sobre o nível de tecnificação, intensificação e produtividade no campo.

Na área de comercialização de carne, as informações nos propiciam avaliação sobre os vetores do comércio (oferta e demanda), balanço de nosso negócio (entrada e saída), especificações e valor do produto. O claro entendimento dessas questões nos levará a agir corretamente para geração ou incremento pela demanda de nossa carne, trabalhando pela busca de mercados, de canais exportadores, posicionamento e melhoria da imagem de nosso produto.

No “micro”, usando esse termo como referência ao dia a dia pecuarista, as facilidades que temos hoje de acesso à informação e de comunicação nos levam a um universo sem fim de possibilidades. Estamos conectados através dos grupos de Whatsapp, Facebook, Twitter, etc. Por esses meios, podemos nos atualizar, quase que instantaneamente, sobre o mercado físico do gado, resultados dos leilões, volume de chuva lá no Sarandi II (em Livramento) e tantas necessidades de nosso dia a dia (pessoal, equipamentos, arrendamentos etc). Da boca do potro até o parafuso do trator achamos soluções na Internet ou, pelo menos, o contato de algum domador ou mecânico (ou domador mecânico). Em tempos de tanta descrença no Brasil e nos brasileiros, vemos uma redenção de esperança ao encontrar tanta gente verdadeiramente disposta a ajudar os outros através das redes sociais. Encontram-se com facilidade pessoas generosas oferecendo informações, contatos e indicações sem nenhuma intenção oculta ou outros interesses. Estão ajudando por ajudar, pois é bom pra todo mundo.

Na área de informações do mercado de reprodutores, estamos trabalhando na terceira edição do levantamento “Top 100 – Os Maiores Vendedores de Touros do Brasil”. A Assessoria Agropecuária, AG - A Revista do Criador, Brasil com Z e Beefpoint estão unidas nesse projeto para informar quem são os maiores vendedores de touros do Brasil (zebuínos e taurinos), a quantidade e as raças e como vendem seus animais. Se você é vendedor de touros, participe. Valorize e promova a sua raça e sua marca.

Nem tudo é perfeito e temos muito o que fazer no assunto informação pecuária e mercado da carne. Assimetrias e dificuldades das mais diversas ainda estão presentes nos nossos dados (ou na falta de deles), seja por descontinuidade dos trabalhos, seja por “apego” demasiado de alguns pela “posse” da informação. O complexo do pai da criança ainda está no meio de nós.

Apesar dos pesares, estamos avançando muito na transparência da informação em nosso setor e acredito verdadeiramente que ela é transformadora. Com ela, podemos melhorar em muito a nossa pecuária e o nosso País.

* Publicado na coluna Do Pasto ao Prato, Revista AG (Abril, 2018)

Informação e comunicação, do macro ao micro para a pecuária de corte

Foto: Divulgação/Assessoria