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A IATF e o Touro Zero na Bolsa de Valores

Genética, Informação, Mercado | 14 de Dezembro de 2021
O assunto Inseminação Artificial a Tempo Fixo (IATF) é tão frequente na pecuária de corte quanto a dúvida se a técnica vai tirar a importância do touro em monta natural. O tema não é novo, mas vamos a ele com algumas informações de mercado e reflexões colhidas da minha mente e da mente de tantos outros que vou ouvindo e engavetando em pastas especiais da memória.

A Associação Brasileira de Inseminação Artificial (Asbia) vem acompanhando e medindo, há vários anos, o crescimento da inseminação artificial no País, e estimando o percentual do rebanho que tem reprodução através de monta natural ou inseminação. De 2012 para 2020, o percentual de vacas de corte inseminadas cresceu de 10% para 22%. O número de doses de corte vendidas saiu de 7,4 milhões para 16,3 milhões no mesmo período. No RS, estamos acima da média, com 25% das matrizes inseminadas, mas outros estados já superam os 30%. É inegável que a inseminação no Brasil vem avançando de rédea solta no Brasil

Então, Velloso, logo não teremos necessidade de usar touros?

Acalme-se. A fatia de 20% das vacas é inseminada no Brasil, mas a fatia de 80% ainda é emprenhada por touros. De outra parte, na fatia das 20% que são inseminadas, é predominante o uso de touros após o período de inseminação, o repasse. É ainda pouco representativo o número de fazendas que adota o conceito de Touro Zero ou faz 3 IATFs. Quando calculamos a necessidade de touros para uma fazenda em monta natural, usamos a referência de 3% a 4% de touros sobre o rebanho de cria, mas, quando calculamos a necessidade de touros em rebanhos que fazem IATF, a forma de calcular é diferente, pois precisaremos somente de touros para o repasse. Porém, se a porcentagem de touros for baixa, a taxa de prenhez no repasse não será satisfatória. Resumindo, a proporção muda porque a concentração de cios ocorre pós-IATF em poucos dias. Logo concluímos que não é tão simples reduzir pela metade o número de touros na fazenda. Mesmo fazendo IATF em todas as matrizes, teremos necessidade de algo próximo ou acima de 75% dos touros pensados para a monta natural. É bem grosseiro e arredondado esse meu cálculo, mas não deve estar muito longe da prática ou da necessidade de muitas fazendas, pelo menos daquelas que fazem somente uma IATF + repasse.

Em conta simples, fica fácil entender que os touros são necessários para a fatia grande e também para a fatia pequena. Veja ótimas informações sobre a evolução do uso da IATF nos informes da USP e do Grupo GERAR, que estão disponíveis e acessíveis na internet “graciosamente”, como falava um professor da FAVET.

Avaliando a participação da inseminação na reprodução das vacas de corte no Brasil, fica bastante clara a situação que os touros seguem muito necessários, mas convém também observar como está a relação de produção e demanda de touros no Brasil. Esse estudo foi feito por Biluca e Chaker em 2021. A necessidade anual de touros no Brasil segue na casa dos 300 mil animais, e produzimos no mercado “regulamentado” de genética apenas 160 mil touros, sendo somente 25 mil certificados geneticamente superiores (CEIP, Dupla Marca e similares). Quem tiver interesse pode buscar pelo artigo “Qual a demanda de touros no Brasil?” (Biluca e Chaker, maio/2021). Se acreditamos que a nossa pecuária está avançando em adesão de tecnologia e busca por produtividade, o espaço para touros “não regulamentados” irá diminuir obrigatoriamente, e mais forte será a necessidade ou a demanda por touros avaliados e superiores verdadeiramente.

Diante desse cenário, entendo que os produtores de touros devem prosseguir firmes nos seus propósitos de seleção, buscando oferecer ao mercado mais e melhores reprodutores, pois o produto touro segue e seguirá necessário e demandado por muito tempo em nossa pecuária. Seguramente novas demandas surgirão de nossos clientes, nos pedindo novas características, informações e garantias de nossos animais, mas esse ciclo não terá fim. A seleção não se dá só nos programas de melhoramento, mas ela também está sempre presente no mercado como um todo. Muitos vendedores de touros ficarão pelo caminho. Não é um problema ou uma crise, mas uma realidade.

Ao preparar este texto, fomos informados que receberemos, por mais um ano, a premiação Touro de Ouro na categoria assessoria genética. É o nono ano que a Assessoria Agropecuária FF Velloso & Dimas Rocha vence essa disputa. Recebemos a votação dos leitores da Revista AG como apoio e reconhecimento ao nosso trabalho em tantos temas que circundam o touro. Aos leitores, fica o nosso muito obrigado.

Curiosamente, neste mesmo novembro de 2021, um Touro de Ouro foi colocado e já retirado da frente do prédio da Bolsa de Valores de SP (a B3). O símbolo remete à força do mercado, ao touro que levanta a economia ou as ações na ponta do chifre, ao invés do urso que derruba o mercado com a força das suas mãos. O bullish e bearish são explicados assim aos menos afeitos aos jargões do mercado financeiro, como o autor deste texto.

Se a polêmica gerada e a retirada do touro do local foram corretas ou não, isso compete às autoridades. No início, entendi que era pura disputa ideológica. Fiquei aborrecido que tiraram o bicho de lá. Depois me informei que a estátua foi instalada sem a devida licença da prefeitura e com alusão a uma empresa específica, configurando possível publicidade. Perdi força na defesa do touro dourado. De qualquer forma, eu estaria na lista de tantos que lá parariam para tirar uma foto. Provavelmente não segurando o saco escrotal, como manda a tradição, mas medindo o perímetro escrotal. Para mim não importa se veio pintado de ouro, tem é que produzir bastante terneiro!

* Publicado na coluna Do Pasto ao Prato, Revista AG (Novembro, 2021)

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