Por Fernando Furtado Velloso
Esta temporada 2013 de reprodutores está se consolidando como de grande valorização para os touros sintéticos, leia-se Brangus e Braford.
Recentemente, discuti com amigos e colegas as possíveis causas desse fenômeno e chegamos em algumas possibilidades, como:
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a crescente britanização de nossos rodeios de cria (com alta influência de genética Angus e Hereford);
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a natural escolha dos sintéticos para realizar cruzamentos nessa base de gado (buscando alguma heterose e manutenção de % de zebuíno);
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a preocupação e necessidade de maior adaptabilidade do gado a regiões mais desafiadoras em clima e infestação de ecto-parasitas (busca por rusticidade);
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o competente trabalho promocional realizado por essas raças (grife-se Braford);
Parece-me que os motivos são justos e técnicos, porém deixo o alerta que a escolha e acerto na aquisição de um touro sintético são mais difíceis que no caso de um touro europeu puro (Angus ou Hereford). Na raça pura, as características produtivas estão bem “fixadas” e mesmo reprodutores de qualidade média contribuem com essas características nos rodeios usados (ex: fertilidade, precocidade sexual, precocidade de terminação, padronização da produção, etc.). Porém, contudo e entretanto a situação é bem distinta em touros sintéticos. Esses animais e raças são resultados de programas de cruzamento e o que vemos é parte qualidade genética e parte heterose. O belo visual de um touro sintético pode ser consequência em boa parte por heterose (vigor do cruzamento) e heterose não se transmite para seus produtos. Dito e compreendido isso, é importante reforçar o alerta para muita atenção e critério na escolha de touros sintéticos. Buscar touros registrados, Dupla Marca, de origem de uma boa seleção, com correção estrutural, etc., são regras básicas na compra de um touro. No caso dos sintéticos tudo isso segue valendo e ainda temos que nos preocupar em priorizar animais com gerações avançadas e bom temperamento. Não tenho dúvidas que touros Brangus e Braford são úteis e necessários para nossa pecuária, porém para o acerto no uso dessa genética o cuidado deve ser redobrado.