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Bovinos de Corte: Planejamento Genético

Genética | 15 de Março de 2017

Bovinos de Corte: Planejamento Genético

Foto: Divulgação/Assessoria

Por Rodolffo Assis, médico veterinário, especialista em Produção de Gado de Corte, e consultor técnico de Corte da Alta


No Brasil, um dos principais diferenciais da pecuária de corte frente aos demais setores do agronegócio é sua maior segurança quanto ao investimento. Isto se deve pelo menor impacto diante de adversidades climáticas, menor dependência de insumos externos, alta liquidez e maior flexibilidade do momento de se realizar a venda. Estas características possuem suas vantagens, mas também trouxeram ao setor uma falta de especialização na maioria das propriedades que se dedicam à pecuária de corte.

Em geral, se aceitam baixos retornos financeiros pela boa segurança apresentada pelo setor. Isso gera falta de empenho em busca de melhorias produtivas. Sempre surgem receios de que um maior investimento gere riscos além dos aceitáveis para o negócio. Assim, a pecuária de corte continua sem atingir níveis competitivos de remuneração. É um ciclo que precisa ser interrompido.

Análises realizadas pela FGV, BACEN e Scot Consultoria revelam que em 2015 a rentabilidade média da cria (baixa ou crescente aplicação de tecnologia), da recria/engorda (baixa ou crescente aplicação de tecnologia) e do ciclo completo com baixa aplicação de tecnologia foram abaixo da poupança. No setor da pecuária de corte, apenas propriedades de ciclo completo e aplicação crescente de tecnologia obtiveram rentabilidade média acima da poupança. Mas percebemos, atualmente, muitas fazendas de gado de corte sendo tratadas como empresas, recebendo investimentos superiores aos tradicionais em áreas como: mão de obra, nutrição, sanidade e genética. Realizando de forma correta estes investimentos, a atividade passa a outro patamar produtivo e lucrativo. Identificar os setores e as características que merecem mais aplicação de recursos é de suma importância para se evitar prejuízos financeiros e de tempo.

Uma das etapas primordiais para tornar uma propriedade de cria competitiva como outros setores é o estabelecimento claro dos objetivos de seleção. Há flexibilidade no tipo de produto a ser vendido, como bois gordos, novilhas gordas, bezerros, receptoras e touros, e diversidade quanto ao mercado consumidor, como frigoríficos, invernistas e criadores. Estes fatores, em geral, acentuam a dificuldade do pecuarista em descrever os seus objetivos.

A grande quantidade de raças disponíveis, alta diversidade de biótipos dentro de cada raça e o surgimento de nichos de mercado podem atrapalhar ainda mais o estabelecimento destes objetivos. É fundamental que os objetivos de seleção visem ao lucro, tanto para os compradores destes animais, quanto para o próprio rebanho. Também é indicado que os objetivos sejam expressos em valores reais e possíveis de serem atingidos, não ficando muito na esfera teórica e nem gerando ilusões incompatíveis com a situação do rebanho.

Deve-se fazer um diagnóstico bem coerente da situação atual da propriedade em todos os seus setores. Os mercados mundial, nacional e regional devem ser analisados para se descrever os objetivos de seleção. Tendências de consumo, políticas de exportação e preferências do mercado local, por exemplo, também devem ser levados em consideração. Os critérios de seleção são os meios para se atingir os objetivos de seleção. A escolha da raça é um passo importante. Há uma grande diversidade de opções genéticas que são utilizadas nacionalmente. Só na bateria de touros da Alta são mais de 30 opções de raças de corte disponíveis. Parte desta diversidade é necessária, pois o Brasil possui climas muito variados, mas, mesmo em algumas microrregiões, é possível verificar a utilização de uma gama de raças, muitas vezes visando aos mesmos objetivos. Deve-se estudar a fundo as características de cada raça e verificar se a mesma terá condições para se adaptar ao ambiente que a propriedade é capaz de oferecer. Um erro comum nesta etapa é optar por uma raça que exigirá grandes alterações na propriedade, o que torna a atividade, na maioria das vezes, inviável.

Outro ponto que pode ser definido como critério é a seleção de um biótipo de animais. Vários estudos relatam a inviabilidade econômica que matrizes muito grandes trazem ao sistema de produção, por exemplo. Assim, a opção de se estabelecer limites de altura ou maior proporção de costelas/membros é cada vez mais comum. É válido salientar que nem a escolha da raça, do país de origem ou do criatório garante um biótipo desejado, devendo-se avaliar individualmente os reprodutores.

A grande quantidade de avaliações genéticas trouxe à pecuária brasileira a possibilidade de um ótimo avanço produtivo, mas, em geral, também geraram grandes dúvidas aos produtores pela enorme variedade de sumários, diferenças entre seus índices e quantidade de características. Entre os sumários mais utilizados da raça Nelore, podemos verificar a grande quantidade de informações que estes fornecem: Aliança: 25 características e dois índices; ANCP: 29 características e um índice; CFM: 13 características e um índice; Geneplus: 16 características e quatro índices; IZ: 11 características; PMGZ: 15 características e um índice; Qualitas: 24 características e um índice. É excelente ter acesso a tantas informações, mas é necessário conhecimento para utilizá-las de forma eficiente.

Em um primeiro momento tem-se o desejo de incluir muitas características como critérios, mas isso não é indicado, pois, caso estas características não possuam forte correlação positiva, o ganho em cada uma delas é diminuído. Assim, é preciso estudar cuidadosamente quais características impactarão de forma economicamente significativa o negócio.

Também é importante levar em consideração o quanto a inclusão de cada característica pode aumentar os custos para seu monitoramento e o tempo que necessitará para apresentar os resultados.

Podemos concluir que traçar objetivos de seleção de forma coerente e executar um planejamento genético bem elaborado para se atingir os objetivos devem ser as prioridades das propriedades de seleção de gado de corte. Não é uma tarefa fácil ou simples, mas, deixando-a de lado, dificilmente a criação atingirá níveis produtivos e econômicos eficientes.

Fonte:Alta Genetics

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