Por Fernando Furtado Velloso
Assessoria Agropecuária FFVelloso & Dimas Rocha
A intensificação na pecuária de corte brasileira é uma necessidade e uma realidade. Em algumas regiões, está bem avançada; em outras, iniciando; em outras, segue a resistência ou a dificuldade de realizá-la. Em muitas situações, a agricultura (especialmente a soja) puxou a pecuária para níveis mais intensivos de produção, trazendo novo gás na alimentação animal e no fluxo de caixa das propriedades.
Não tenho dúvidas que praticamente todas as tecnologias e insumos relacionados trazem incrementos em produtividade e no potencial faturamento dos produtores, mas equacionar investimentos, ganhos produtivos e resultados financeiros? É uma boa pergunta que não sei a resposta exata, mas que considero importantíssimo que os pecuaristas se façam a cada novo investimento, a cada nova tecnologia adotada.
Na atuação como prestador de serviços em tantas propriedades, me deparo com essas discussões em muitas visitas e reuniões. O que fazer? O que não fazer? Que produto ou tecnologia investir? Como técnico, assessor e consultor, percebo o nível de responsabilidade dessas orientações, pois sei que impactam diretamente no fluxo de caixa das fazendas e no resultado financeiro ao final do ano. Logo, me empenho em explicar a função e o impacto produtivo que a adoção de uma nova tecnologia ou produto pode trazer, mas insisto em que o pecuarista perceba que a decisão tem implicações financeiras, que somente o gestor pode definir se o momento é apropriado ou não.
Desde as contas mais básicas de um pecuarista até as relacionadas à adoção da tecnologia “A” ou “B” é importante a avaliação muito criteriosa das necessidades da fazenda. Entender quais estão alinhadas com os objetivos definidos e ao potencial de investimento da propriedade naquele momento. O quadro que segue lista alguns dos tantos desembolsos e investimentos que o pecuarista faz ou considera fazer. O ideal seria fazer todos? Sim, mas a definição de qual fazer primeiro e quando exige muita conversa, discussão com os envolvidos e planejamento.
Relação custo-benefícioToda nova técnica ou produto oferece algum nível de elevação de produtividade: mais ganho de peso, mais carga animal, maior taxa de prenhez, menos morbidade, menos mortalidade... Na maioria das vezes, essa lógica está correta, mas é demasiado simplista a propaganda que é quase um mantra: uma vaca perdida paga toda essa conta ou um terneiro desmamado paga toda essa conta. O aumento de carga nessa área justifica a adubação e a fenação.
Como em tantas outras situações na administração de um negócio e na tomada de decisões de investimentos, é necessária a clara avaliação da situação da propriedade, dos indicadores que mais devem ser melhorados, das carências mais urgentes, dos investimentos que geram resultados no curto prazo, dos investimentos que são necessários e não trarão resultados diretos em faturamento no curto prazo. Quais tecnologias justificam buscar linhas de crédito e financiamentos?
Enfim, existem muitas alternativas para intensificação das propriedades e para o incremento da produtividade dos rebanhos. Tecnologias, produtos e serviços a serem buscados estão à nossa disposição. Temos um pacote tecnológico completo ao alcance, mas e o fluxo de caixa? Lembra-se do programa de televisão? Você decide!
Fonte:
Publicado na coluna Do Pasto ao Prato, Revista AG (Dezembro, 2017)