Foto: Assessoria de Imprensa ABS
Acredito que todo aquele que escreve uma coluna, um artigo ou uma crônica tenha muita curiosidade de saber se é lido, se é lido por muitos, se o tempo dedicado em reunir palavras e ideias gerou interesse e teve utilidade para quem o lê. Não é busca por aprovação ou aplausos, mas o interesse
real em saber a opinião e a visão do leitor. Não é vaidade nem ego inflado, mas interesse em fazer conexão com quem está do outro lado o impresso.
Quem escreve não busca somente se expressar, por vezes, polemizar ou contrariar o pensamento de muitos, mas dedica-se em compartilhar pensamentos, informações e reflexões sobre o tema que vive e A internet, os acessos e a revista impressa trabalha – no meu caso, a pecuária de corte, com especial afinidade sobre os assuntos que giram em torno do eixo “touro” e também sobre a comercialização do gado, entre produtores e com a própria indústria. Se aprecio polemizar? Sim, seguramente! É uma técnica que gera mais reação que o texto educadinho e formal. Provoca a discussão, e as ideias são expostas mais rapidamente. Há quem não aprecie? Claro! Faz parte desta viagem de escrever ideias.
Se a introdução deste texto lhe parece meio confusa, não estranhe. Foi só uma tentativa de lhe dizer como nos instiga saber se os temas publicados interessam ao leitor e lhe são positivos de alguma forma, seja como leitura de distração, de provocação ou de informação técnica e útil. O acompanhamento da reação e a aprovação de leitores de uma revista é muito difícil, pois não sabemos se o conteúdo foi lido, com que alcance, e muito menos se foi considerado útil e válido. Nos tantos eventos pecuários que participo – especialmente no Sul do Brasil –, sou abordado com frequência
por leitores que, gentilmente, me cumprimentam e comentam que apreciam ler a coluna Do Pasto ao Prato. Até este retorno é difícil de ser avaliado, pois existem muitas pessoas que são gentis e, provavelmente, muitas estão buscando somente realizar uma abordagem cordial. São pessoas boas e educadas como falamos que eram as de antigamente. Mas ainda assim, é uma amostra muito pequena do grande alcance possível que uma publicação como a Revista AG pode proporcionar.
Já faz alguns anos que, após a publicação destes textos na coluna da revista, os compartilho também em nosso site e nas redes sociais. Aí ingressamos em outro mundo, no qual a interatividade é instantânea. Não sou especialista em mídias sociais nem no comportamento do internauta, mas os mais de 180 mil acessos anuais em nossa página nos permitem observar um pouco que conteúdos são valorizados e quais pouco são. O mesmo buscamos acompanhar nas redes sociais, nas quais o envolvimento das pessoas é maior ainda. Aprecio muito acompanhar o comportamento das publicações e a dinâmica de acessos, comentários e compartilhamentos. Não é uma busca somente por mais acessos (puramente numérica), mas sim da compreensão dos interesses e necessidades da comunidade a qual participo: trabalhadores, técnicos e produtores da pecuária de corte. Estou muito longe de compreender os logaritmos e toda a engenharia da internet, mas já me arrisco a compreender um pouco a mente dos integrantes de nossa comunidade, pelo menos de ter noção das áreas que as pessoas dispõem de seu tempo para acesso e leitura de algum conteúdo. É bonito, curioso e surpreendente, muitas vezes.
Pois bem, listo aqui alguns assuntos que despertam muito interesse do nosso pessoal da pecuária:
• Exportação de bovinos vivos
– é tema que sempre gera interesse. Pode ser uma oportunidade comercial para os pecuaristas, pode ser telhado de vidro em algum momento que a produção animal vem sendo demonizada;
• Preços e mercado de reprodutores
– o touro não é um produto que se compra todo dia, e pode ter muita tecnologia embarcada (ou não). Os preços dos reprodutores, as raças ou animais mais valorizados, a relação de troca com outras categorias animais, os possíveis ganhos produtivos e o custo final do terneiro nascido são temas antigos que se renovam a cada temporada;
• Top 100: os maiores vendedores de touros do Brasil
– o levantamento anual publicado na Revista AG com as informações dos maiores vendedores de touros é um dos campeões de acesso na internet. Não viu ainda? Busque a edição anterior da AG impressa ou na web. Você vai achar e gostar!
• Preços e mercado do gado de reposição
– o acesso às cotações de boi gordo é razoavelmente fácil, mas as informações do gado de reposição (terneiros, novilhas, boi magro, vaca de invernar) ainda dependem muito do boca a boca e da fonte local, porque são produtos que sofrem mais influência da questão regional. Especialmente no Sul do Brasil, somos pouco atendidos de boas fontes de preços do gado de reposição.
Esses assuntos até que eram bem previsíveis, mas temos muitas surpresas quando monitoramos o acesso e o interesse dos internautas por diferentes conteúdos. E surgem boas surpresas que justificam o trabalho de monitoramento. Vamos apresentar uma listinha também? Acho que não. Fica naquela cota para a curiosidade e para as próximas publicações.
Diante disso, devemos concluir que as revistas vão acabar? A velocidade e a interatividade da internet não são compatíveis com o impresso? As revistas sobreviverão? Não sei responder.
Nos livros, a publicação digital não substituiu o impresso. Nas revistas se soubermos entender as necessidades do leitor e entregarmos esse conteúdo, teremos vida longa.
A internet, os acessos, as curtidas e os compartilhamentos não precisam competir com o impresso, mas podem ser ferramentas igualmente importantes para melhor compreendermos os quereres e as necessidades de nossa comunidade: a pecuária de corte.
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* Publicado na coluna Do Pasto ao Prato, Revista AG (Julho, 2019)