Foto: Divulgação/Assessoria
Recentemente a jornalista Marta Sfredo, em GZH do dia 05/02/2023 trouxe a seguinte notícia: "Brasil tem a terceira carne bovina mais cara da América Latina". A informação é verdadeira, mas a pecha sobre a careza do produto não deve recair no "colo" do pecuarista, pois existem dois elos da cadeia da carne que nadam de braçadas com o valor elevado do produto.
A regra é que a sociedade impute a culpa pelo preço alto ao produtor, não havendo uma nitidez social sobre a existência de uma cadeia onde valores são partilhados, sendo os ombros do pecuarista quem sustentam esse "pecado".
No caso da carne, quem se beneficia desses valores elevados são os frigoríficos e o varejo. Essa informação não vem do felling dos produtores, mas dos números incontestáveis extraídos do sistema, fornecidos pelo NESPRO da UFRGS.
As notícias públicas e notórias de grandes frigoríficos publicando balanços com resultados recordes, enquanto em relação ao varejo, basta passar os olhos na gondola, onde não houve redução no preço da carne disponibilizado ao consumidor, não deixam dúvidas da isenção do pecuarista acerca do valor elevado da carne.
Por outro lado, os números mostram o tamanho da encrenca para o pecuarista: no ano de 2021 a variação do valor pago ao pecuarista pelos frigoríficos subiu 9,07%, enquanto o IGP-M subiu 17,78%. Já em 2022 o preço pago ao produtor tombou vitalmente caindo 15,12%, enquanto a inflação foi de 5,45.
Além do mais, enquanto em 2022 o preço para o pecuarista teve um recuo de aproximadamente 15,12% o varejo reajustou o preço da carne em 4,8%, logo, deve ficar claro que o preço da carne não está elevado por culpa do produtor. Viemos desde 2021 acumulando prejuízos, tendo os custos acompanhado a inflação, mas por outro lado a nossa receita tombando vertiginosamente.
Enquanto isso, a carne para o consumidor tem se estabilizado em alguns corte e até aumentado em outros. Que fique claro! A carne cara ao consumidor tem nome e sobrenome, e se chamam receita dos frigoríficos e margem elevada do varejo, ao pecuarista resta lamber as feridas de se manter numa atividade sem resultados.
*Por um erro de edição, publicamos na edição impressa de ZH o artigo do economista Antonio Augusto d´Avila com o título e a identificação de Luis Felipe Barros.
Fonte: Publicado no jornal Zero Hora (10/02/23)