Cadastre-se no site

Cadastre-se e fique informado em primeira mão sobre os principais acontecimentos da Assessoria Agropecuária
Porto Alegre, 19/01/2025

Redes sociais

Agendade eventos

Últimosartigos

Taurinos em Centrais: que show da Xuxa é esse?

Informação | 15 de Outubro de 2024

Pelo ofício do meu trabalho, passo os dias pensando nos touros de raças europeias ou taurinas como chamamos também. Nestes 25 anos de trabalho com reprodutores e genética, já vi uma dança das cadeiras bem bonita. Teve raça que ficou sem cadeira, teve raça que ocupou várias (suficiente pra uma arquibancada), teve raça que dançou, saiu e voltou pro baile várias vezes. Curioso. “Na dança da cordinha, dança preta e dança loira”. Não tem assunto que não me faça lembrar alguma música. E não toco nenhum instrumento. Eventualmente, “caixa de gaita”. 

Os taurinos, especialmente o Angus, já andaram de chefes no mercado da inseminação. Em 2018, 64% do sêmen de corte vendido era de taurinos, ante 36% dos zebuínos, de um total de 9,7 milhões de doses. Em cinco ou seis anos, o jogo virou. Em 2023, a participação dos zebuínos subiu para 64% e a dos taurinos caiu para 36%. Agora num mercado bem maior, de cerca de 16,5 milhões de doses. Parecem até números arredondados pra história ficar mais convincente, mas é o que dizem os dados da Asbia. 

Os motivos eu não sei explicar, mas as especulações são muitas: que o cruzamento chegou no seu teto, que o mercado da carne de qualidade não era tão grande como nos disseram, que a exportação de gado em pé era quem puxava esse negócio, que o Boi China nos colocou no nosso lugar de produtores de commodities, que pouca gente está disposta a tratar animais com carrapato e outros parasitas, especialmente quando o bezerro cruzado perdeu o seu sobre preço. E por aí vai. Pode-se incluir vários outros itens nesta listinha. Logo teremos uma explicação bem clara, pois olhar e explicar o passado é fácil. Daremos nomes e motivos para cada pico e cada vale de nosso gráfico. 

Um tema que me frustra um pouco, enquanto entusiasta do melhoramento genético e das raças taurinas, é que esse “arranca e para” do mercado de taurinos traz prejuízos pela descontinuidade. Recordo da grande demanda das centrais por touros Angus, entre 2015 e 2020. Bastava ser homozigoto preto e ter alguns bons índices para ser candidato a touro de central. Havia um mercado aquecido e sem tempo para esperar produtos mais elaborados. Passado esse período, nos vimos superestocados de touros e doses congeladas. A curva virou. E então touros muito qualificados e completos foram “desperdiçados” pelo mercado e pela pecuária. O momento era de gerir estoques e não de buscar novos produtos. 

O touro nacional já foi desmerecido por carregar menos tecnologia do que o importado, especialmente o americano, que domina esse mercado. Por esta fase já passamos. O touro nacional de hoje tem as mesmas ou mais informações técnicas e genéticas do que o importado. Além das já tradicionais DEPs para crescimento e carcaça, o nosso touro tropical traz tecnologia e dados para resistência ao carrapato, menos pelame, adaptação ao meio, etc. Quem diria? O carro nacional tem mais acessórios do que o importado. Agora é mostrar e demonstrar isso aos clientes.

A demanda das centrais por taurinos voltados ao cruzamento nos confundiu um pouco também. O sêmen que mais vende é o Top 0,1% para Peso Final, AOL, Peso de Carcaça e outras coisas que pesam no gancho. É um touro terminal por natureza. Não importa muito se nasce grande, se tem alta manutenção, se precisa de muita comida para engordar. Com isso, ficamos num impasse como selecionadores: Que touro produzir?

O que vende mais sêmen ou o mais equilibrado para meu sistema de produção e dos meus clientes?

Uma resposta tenho com segurança: eles não são os mesmos. Vejo selecionadores com touros em central que não os usam em seus rebanhos. Sequer no repasse da inseminação. E neste mercado confuso, deixamos de usar amplamente touros que seriam muito úteis às nossas necessidades. Seguimos, basicamente, multiplicadores de genética importada e bem pouco selecionadores de nossos rebanhos. Que show da Xuxa é esse? Esse dilema não deve estar na mente da maioria dos leitores da DBO, pois é algo que aflige somente os produtores de taurinos, na sua maioria concentrados no sul do Brasil. São dilemas de quem vive num Brasil pecuário diferente do grande Brasil dos zebuínos. Gente que cria vacas europeias ou cruzas europeias pastando em campos nativos. Já não sei se é o nosso cenário real ou um cenário romântico de nossa história. Talvez demasiada proximidade com a Argentina e Uruguai.

* Publicado na Coluna "É só olhar e ver", Revista DBO (Outubro/2024)

Clique aqui e baixe o PDF. 

Maisartigos

  • Austrália: Otimizando a seleção de touros Angus para o melhoramento genético

    Informação | 18 de Janeiro de 2025
    Foto: Divulgação/Assessoria
    IMPORTÂNCIA DA SELEÇÃO DE TOUROS
    Selecionar o touro Angus certo é crucial para aumentar a produtividade e a lucratividade em uma criação. Portanto, fazer seleção baseada em dados é essencial para impulsionar o melhoramento genético. Essa decisão é melhor embasada por uma compreensão completa do desempenho d...
  • Impacto da eficiência reprodutiva de novilhas na rentabilidade do sistema de produção de carne

    Informação | 18 de Janeiro de 2025
    Foto: Divulgação/Assessoria
    por Laís Abreu Médica veterinária pela Universidade Federal do Tocantins (UFT), Especialista em Agronegócios pela ESALQ/USP, Mestre em Reprodução Animal pela USP e Doutoranda em Reprodução Animal pela USP e Université Laval (Québec, Canadá)

    A inseminação artificial em tempo fixo (IATF) é uma valiosa aliada ...
  • Tempo de agir por todos

    Informação | 08 de Janeiro de 2025
    Foto: Divulgação/Assessoria
    Por Fábio Crespo, leiloeiro rural e presidente do Sindicato dos Leiloeiros Rurais e Empresas de Leilão Rural do RS (Sindiler)
    Todo ano de provação faz com que se chegue a dezembro com muitas reflexões. Foi assim na covid, em 2021, e igualmente em 2024, quando as águas lavaram o Rio Grande do Sul. Correndo o Estado...
  • O futuro da exportação de gado em pé no Uruuguai

    Informação | 28 de Novembro de 2024
    Foto: Tardaguila Agromercados
    El triunfo de Yamandú Orsi en el ballotage de este domingo y el retorno del Frente Amplio (FA) al gobierno es visto por algunos agentes del mercado ganadero, en lo previo, con cierto grado de “incertidumbre” sobre el futuro de un negocio que ha sido muy relevante para la ganadería uruguaya: la exportación de anima...
  • Tendências em genética e o comércio de touros

    Genética | 15 de Novembro de 2024
    Foto: Divulgação/Assessoria
    Os avanços e tendências em genética de bovinos nos mostram quanta tecnologia está sendo incorporada num touro. O comércio de reprodutores nos sinaliza um desencontro entre esse produto moderno e de uma grande parcela do que vai cobrir vacas no campo.

    Em recente notícia sobre tendências em genética na Austrália, n...

Nossosparceiros

Nossosclientes

Redes sociais