Como a AGI (Angus Genetics Inc.) está explorando o banco de dados da raça para fornecer mais ferramentas aos criadores.
A capacidade de nossas vacas de parir e criar seus bezerros é o que mantém a indústria de carne bovina funcionando. A fertilidade desempenha um papel crítico na manutenção de uma cadeia de suprimentos sustentável e, em última análise, garante um fluxo constante de animais de corte para os processadores.
No entanto, gerenciar a fertilidade não é fácil. Mesmo com as tecnologias reprodutivas disponíveis hoje, a fertilidade continua sendo fortemente influenciada pelo ambiente, dificultando a separação dos componentes genéticos dos não genéticos.
A maioria dos problemas de fertilidade costuma ser sutil e se apresenta como uma novilha que demorou mais para emprenhar ou uma vaca que emprenha consistentemente no final da estação de monta. Algumas vacas podem exigir um terceiro serviço quando suas contemporâneas precisam, em média, de apenas dois ciclos para conceber.
Em situações mais extremas e caras, a prenhez é confirmada, mas não é levada a termo, às vezes resultando em um bezerro natimorto. Quanto mais tempo leva para identificar a perda, mais caro e desafiador o problema se torna.
Como a fertilidade depende de tantos fatores, podemos e devemos investir em melhorias de gestão, como ajustes em protocolos de reprodução e nutrição. Redes de extensão universitárias são um ótimo recurso para encontrar ferramentas e recomendações de gestão adequadas para na sua região melhorar as manejos em reprodução. Ainda assim, é importante saber que elas podem não abordar totalmente os desafios reprodutivos em um rebanho.
O que mais pode ser feito? Características como Longevidade Funcional (FL) e Prenhez de Novilhas (HP) ajudam a selecionar fêmeas que concebem mais cedo e continuarão a fazê-lo ao longo de suas vidas. O que ainda não conseguimos capturar muito bem com nossas ferramentas de seleção atuais são as perdas ocultas e bezerros natimortos com ou sem anormalidades físicas, e é aí que a pesquisa sobre haplótipos pode lançar luz.
Haplótipo vs. condições genéticas
É útil saber a diferença entre haplótipos e condições genéticas.
Com os fenótipos de condições genéticas governados por mutações ou anormalidades em um gene específico, um gene que perdeu sua função ou um que ganhou um propósito totalmente diferente é mais perceptível. Quando uma condição genética é afetada por dois ou mais genes (ou várias mutações em um gene), sua identificação não é tão clara.
Conforme mostrado na Figura 1, os haplótipos cobrem uma porção maior do genoma do que as condições genéticas influenciadas por um único gene. Os haplótipos carregam grupos de marcadores e genes herdados juntos, em vez de uma fatia curta. Por isso, os haplótipos são ferramentas mais poderosas quando usados para identificar condições causadas por várias mutações locais.
A American Angus Association, seus membros e usuários comerciais da genética Angus, juntamente com instituições de pesquisa como a University of Illinois e a University of Nebraska–Lincoln, têm sido bem-sucedidos na identificação de importantes condições genéticas que afetam a raça Angus. Exemplos incluem hidrocefalia neuropática (NH) e musculatura dupla (DM).
Os haplótipos não são novidade no cenário da reprodução animal. Na pecuária de leite, seis haplótipos diferentes ligados à perda de embriões foram identificados em vacas holandesas desde 2012. Embora seu mecanismo exato não seja totalmente conhecido, sua identificação permitiu que os criadores tomassem melhores decisões de acasalamento, evitando o acasalamento desses portadores de haplótipos. Se algum fosse identificado em uma população Angus, medidas semelhantes poderiam ser tomadas para reduzir a frequência de portadores.
Explorando o banco de dados genômico e fenotípico
Para identificar quaisquer haplótipos raros, mas potencialmente letais, não precisamos apenas identificar o pedaço de DNA que é passado, mas também saber quando um pedaço de DNA está ligado a um problema de fertilidade. Assim como as condições genéticas, podemos ter haplótipos recessivos, aditivos ou dominantes, o que significa que os problemas podem aparecer apenas em animais que têm duas cópias, ou também podem estar presentes naqueles que são portadores e têm apenas uma cópia do haplótipo.
É claro que recorrer aos dados enviados pelos membros da Associação é uma parte enorme ao investigar haplótipos e seus efeitos na fertilidade na população Angus. Registros de reprodução, códigos de descarte ou razão e registros de bezerros enviados por meio do Angus Herd Improvement Records (AHIR®) fornecem aos pesquisadores da Angus Genetics Inc. (AGI) a oportunidade de testar reprodutores e reprodutoras para entender quais combinações resultam em um serviço com falha ou bezerros inviáveis.
Além das informações de acasalamento, as amostras de DNA enviadas sobre reprodutores, matrizes e quaisquer bezerros inviáveis nos permitem construir um banco de dados e nos aprofundar mais na pesquisa.
Pesquisa atual e futura
Como os haplótipos podem afetar negativamente vários estágios da gestação, desde a implantação do embrião até malformações e partos prematuros, a AGI está atualmente investigando os efeitos potenciais em todas as fases.
A parte mais difícil de procurar haplótipos potencialmente letais é que os portadores ou animais homozigotos afetados por eles provavelmente já morreram. Como imaginado, procurar por algo invisível nas populações se torna uma tarefa monumental e quase impossível de ser realizada sem o relato dos membros.
Para preencher esta parte do quebra-cabeça, a AGI lançou o Relatório de Morte de Bezerros da Pesquisa de Haplótipos, disponível aos membros da Associação para envio de informações e amostras de DNA para testes genômicos sem nenhum custo.
O relato de natimortos e bezerros com morte precoce (ou seja, antes do desmame) é bem-vindo e muito apreciado. Mais informações podem ser encontradas em
www.angus.org/agi/research.
Outras etapas que exploraremos como parte desta iniciativa de pesquisa são o sequenciamento de animais-chave e a medição do efeito de haplótipos de fertilidade em características de produção. Esta pesquisa é uma prova da colaboração entre criadores de Angus e a associação para o bem maior da raça e da indústria da carne bovina.
Fonte: Angus Journal (07/02/25), por Larissa Novo, Pesquisadora Associada da AGI®. Traduzido e adaptado pela Assessoria Agropecuária.